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Iniciativa da Audible abre portas para novos criadores no Brasil

Mikaela Pasa apresenta o projeto vencedor do Pitching de sua equipe aos jurados Leo Neumann, Chico Felitti, Paula Scarpin, Bianca Comparato e MM Izidoro, sob o olhar de Adriana Alcântara, diretora-geral da Audible no Brasil.
Mikaela Pasa apresenta o projeto vencedor do Pitching de sua equipe aos jurados Leo Neumann, Chico Felitti, Paula Scarpin, Bianca Comparato e MM Izidoro, sob o olhar de Adriana Alcântara, diretora-geral da Audible no Brasil.

Um motorista de aplicativo de Goiânia se vê envolvido em uma investigação policial após deixar uma passageira que posteriormente teria sido assassinada. Enquanto ele continua dirigindo pela cidade, novas peças do mistério surgem, lançando dúvidas sobre sua versão dos fatos. Essa é a trama de Qual o Destino?, o thriller que foi escolhido entre mais de 200 inscritos como o vencedor do “Pitching: Audible Original”, uma iniciativa lançada pela Audible para dar a criadores brasileiros emergentes a chance de trabalhar conosco na produção de uma audiossérie.

“A primeira coisa que pensei ao escrever Qual o Destino? foi como usar todo o potencial sonoro e como inovar dentro deste formato”, explica Mikaela Pasa que, com sua colaboradora Lorrana Flores, criou o pitch. O amor de Pasa pela narrativa em áudio é profundo — foi o foco de seu mestrado, e ela há muito tempo desejava criar uma audiossérie, mas sentia que lhe faltavam oportunidades. Quando soube que a Audible tinha aberto um chamado para selecionar uma história em áudio original para produzir, ela e Flores abraçaram a chance.

“Eu já estava familiarizada com a Audible”, diz Pasa. “Ela se tornou a referência para histórias em áudio, então eu sabia que esta era uma chance não apenas de ter o projeto financiado, mas de ele ser distribuído para um público amplo.”

Leo Neumann, diretor de conteúdo original da Audible no Brasil, observa que, embora o Brasil tenha uma das maiores porcentagens de ouvintes de podcast do mundo, o áudio roteirizado ainda é um mercado nascente. “Não há tantas produtoras (aqui, no país) especializadas nisso, mas a Audible está investindo fortemente em narrativas brasileiras de alto nível roteirizadas para o áudio.”

A Audible idealizou o “Pitching: Audible Original” para incentivar pitches de criadores independentes que podem não ter o mesmo acesso que as produtoras possuem. “Focamos menos em currículos e mais em por que os criadores sentiam que tinham que contar essa história e por que agora”, explica Neumann.

O time também pretendia alcançar criadores de todo o Brasil, não apenas de grandes centros de mídia, como São Paulo e Rio de Janeiro. Pasa e Flores são de Goiás, um estado com pouca representatividade no entretenimento. “Quando os goianos são retratados, não é raro que sejam de forma estereotipada”, diz Neumann. Pasa concorda: “Lorrana e eu estamos acostumadas a ver histórias da nossa região apropriadas por pessoas de fora, muitas vezes sem o cuidado de retratar nossa experiência vivida.”

É por isso que era importante para a dupla ambientar Qual o Destino? em sua cidade natal, Goiânia. “Pensamos em como os sons da cidade poderiam moldar o enredo”, diz Pasa. “Goiânia nos influenciou mais.” Ela acrescenta que a Audible “sempre respeitou nossas experiências e nos incentivou a trazer nossos sotaques, costumes e realidades para a história.”

Como criadoras mulheres, Pasa e Flores também queriam abordar o feminicídio. “Em Goiás, as taxas de roubo e homicídio diminuíram, levando muitos a considerá-lo um dos estados mais seguros do país. No entanto, a taxa de feminicídio continua sendo uma questão preocupante, o que nos fez perguntar: ‘Para quem este estado é realmente seguro?’"

Qual o Destino? foi escolhido por ser especialmente pensado para o áudio, com uma narrativa que se desenrola através de conversas e dos podcasts e programas de rádio que o motorista, Jorge, ouve.

Pasa foi uma das seis finalistas convidadas a fazer um pitch presencialmente para um painel que incluía Neumann e vários criadores brasileiros proeminentes que já trabalharam com a Audible, incluindo o escritor e podcaster Chico Felitti; a diretora criativa da Rádio Novelo Paula Scarpin; a atriz, produtora e diretora Bianca Comparato; e MM Izidoro, roteirista, autor e diretor que adaptou o quadrinho Angola Janga para a Audible com a Ashé Audio Ventures, de Viola Davis. “Fiquei honrado em estar envolvido”, diz Izidoro. “Um dos nossos principais trabalhos como veteranos da jovem indústria de áudio do Brasil é ajudar novas vozes e talentos.”

Izidoro “se apaixonou” pela narrativa em áudio porque é um formato de fácil acesso para todos. “Posso trazer um grupo diverso de pessoas para uma produção porque elas são as melhores vozes”, diz ele. “Isso me permite colocar vozes de grupos considerados minoritários em papéis principais que elas não teriam frequentemente na mídia visual.”

Para incentivar e guiar ainda mais novos criadores, a Audible ofereceu uma masterclass gratuita de 30 episódios, Criando um Audible Original, cobrindo todos os aspectos da produção de narrativa em áudio, desde a escrita e narração até o design de som. Izidoro contribuiu para um episódio sobre direção de atores para audiodrama. “Eu aprendi fazendo, mas isso levou anos”, diz ele. “Se eu puder ajudar as pessoas a acelerar esse aprendizado e criar um conteúdo de áudio melhor, isso é uma vitória.”

Os pitches finais aconteceram em 20 de maio em São Paulo, na renomada instituição de comunicação ESPM-SP, que transmitiu o evento ao vivo. Estudantes também se juntaram a painéis de narrativa de áudio com Neumann e os jurados por meio de uma plataforma educacional online. Quando Pasa soube que a audiossérie dela e de Flores havia vencido, ela ficou eufórica. “Enviei uma mensagem de áudio para Lorrana agradecendo e dizendo que não éramos loucas, que tudo havia dado certo. Pareceu surreal.”

Agora, a Audible está trabalhando com Pasa e Flores para desenvolver Qual o Destino? para ouvintes no Brasil. “Foi reconfortante perceber que não estaríamos sozinhas, pois a Audible reuniu uma excelente equipe para fazer parte do processo de produção.” Para Pasa, a vitória parece o início de uma carreira empolgante. “Planejo investir em mais projetos de áudio, já que Qual o Destino? me dará visibilidade e me permitirá explorar caminhos aos quais ainda não tive acesso.”

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