Banir comidas típicas na COP30: um debate sobre identidade cultural Podcast Por  capa

Banir comidas típicas na COP30: um debate sobre identidade cultural

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A decisão inicial de um edital da Organização dos Estados Ibero-americanos de vetar pratos tradicionais da culinária amazônica — como açaí, tacacá, tucupi e maniçoba — durante a COP30 em Belém, sob a justificativa de risco sanitário, provocou forte reação pública e política. A medida acabou revertida, mas acendeu um debate sobre o que reconhecemos como parte da cultura brasileira. Para a jornalista e pesquisadora Neli Pereira, especialista em cultura alimentar, o episódio escancara uma questão central: o quanto conhecemos e defendemos nossa própria gastronomia. “Se a gente não se reconhece, não se defende. O açaí, o tacacá e a maniçoba fazem parte do cotidiano de quem vive no Norte, mas ainda são vistos como exóticos ou até ‘pesados’ em outras regiões, numa visão colonialista”, afirma.

Em entrevista ao Jornal Eldorado, Neli afirma que proibições como a proposta no edital não dizem respeito apenas a regras de higiene, mas também a um histórico de desqualificação das culturas locais no Brasil. “A colonização foi violenta também no apagamento imaterial: aquilo que era indígena ou caboclo era tachado de selvagem, para depois ser apropriado. O higienismo é usado como justificativa para impor a cultura dominante sobre a outra.” A reação imediata de chefs e da sociedade civil paraense, que resultou na revogação do veto, foi fundamental, mas não traz otimismo à pesquisadora: “O caso mostra como ainda precisamos nos levantar para defender o que é básico. É um ultraje ter que lembrar ao mundo que a comida amazônica, na própria Amazônia, é parte legítima da cultura brasileira”.

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