O deserto não é apenas um pedaço de terra sem vida; é também aquele tempo em que o coração se sente abandonado. É a solidão que machuca, o silêncio que incomoda, a perda que rouba o chão. É o lugar onde percebemos que as seguranças que construímos não nos sustentam mais. É quando descobrimos, sem poder negar, que somos frágeis, vulneráveis e que não temos o controle que imaginávamos ter.

A oração arrogante se veste de piedade, mas está contaminada pela vaidade. Busca méritos e recompensas. Quer créditos diante de Deus. Já a oração sincera é despojada, sem méritos a apresentar. Ela não exige, não impõe, não compara. Apenas confia.

O coração humano tem um vazio que nenhuma criatura pode preencher. Há uma fome que só se sacia no pão da eternidade. E há uma alegria que só floresce quando o desejo encontra seu verdadeiro objeto.

Eu creio em teu amor. E quanto mais creio, mais descubro que não sou nada sem ti — e isso não me diminui, me liberta. Porque quem depende de ti encontra a verdadeira liberdade.

A oração é o respiro da fé, sua expressão mais própria, o sopro silencioso que parte do mais íntimo do coração humano e se eleva em direção ao Infinito. Rezar não é apenas dizer palavras; é, antes, um deixar-se habitar pelo Mistério.

A oração cristã é sempre um estupor novo. Um assombro sagrado. Porque é encontro com o Deus que rasgou os céus, que se fez próximo, que entra na nossa história para nunca mais sair.

Benditos sejam os que, podendo ser qualquer coisa nessa vida, escolhem ser presença, ser apoio, ser refúgio.

Poucos persistem na busca de ser feliz junto porque é mais fácil desistir no primeiro tropeço, culpar o outro, fugir quando o brilho some. Amar é ficar quando não é fácil. É reconstruir depois das rupturas. É perdoar o imperdoável em nome de algo maior.