Episódios

  • 35 anos juntos: Toni e David foram o primeiro casal gay a casar no Brasil
    Jun 17 2025

    Se hoje pessoas LGBTQIA+ podem casar e construir legalmente uma família, saiba que isso tem nome e tem história: a de Toni e David.

    No final dos anos 80, Toni, um jovem assumidamente gay do interior do Paraná, decidiu mudar de ares. Foi pra Europa sem dominar outros idiomas, com coragem, fome de liberdade e o desejo de viver com dignidade.

    Ele não sabia, mas estava a poucos degraus de encontrar o amor da sua vida. Literalmente.

    Foi na estação de metrô mais profunda de Londres que ele cruzou o olhar com David, um inglês de terno, sobretudo e uma história escondida atrás de um casamento heterossexual.

    Bastou um sorriso, um "do you wanna be my husband forever?" e, a partir dali, eles nunca mais se desgrudaram.

    Mas viver esse amor não seria simples.

    David teve que romper com o passado, se entender, se assumir. E, mais tarde, se mudar pro Brasil, onde juntos começaram uma vida e uma luta. Primeiro pelo direito de David ficar no país. Depois, para transformar o amor deles em um vínculo legal.

    Os dois foram rejeitados e ridicularizados em cartórios. Tiveram o pedido de união estável negado. Mas também foram abraçados por uma rede de apoio que cresceu com eles: advogados, parlamentares, ativistas, jornalistas que queriam vê-los felizes.

    O caso deles explodiu na mídia e acabou sensibilizando a opinião pública. De perseguidos, viraram símbolo. A mobilização foi tanta que permitiu, anos depois, a entrada do casal com um pedido no Supremo Tribunal Federal.

    E foi assim, no dia 5 de maio de 2011, que eles ajudaram a fazer história: o reconhecimento da união homoafetiva como um direito constitucional.

    Não parou por aí.

    Eles também foram pioneiros na adoção por casais do mesmo sexo. Esperaram sete anos até conseguir, finalmente, o direito de serem pais juntos, com registro legal em nome dos dois.

    Hoje, Toni e David seguem juntos, há mais de 35 anos. E não só venceram pelo próprio amor, mas abriram as portas pra que milhares de pessoas pudessem sonhar, amar e existir com dignidade.

    No fundo, tudo começou com um espaguete e uma garrafa de vinho em uma sacola rasgada. Mas o que eles construíram foi muito maior: uma vida, uma família, e um legado.

    O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Karine no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo

    Edição: Fábio de Azevedo (Nariz)

    Roteiro: Luigi Madormo

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    37 minutos
  • Ela só descobriu sobre o suicídio do pai quando passou na universidade
    Jun 12 2025

    O pai da Laila era mais do que presente, era seu melhor amigo. Sempre sorrindo, ele fazia questão de incentivar os filhos a estudarem.

    Ainda assim, o pai da Laila carregava uma história dura. Era motivo de críticas numa casa onde estudar era visto como coisa de gente preguiçosa. O que importava era trabalhar.

    E mesmo assim, fazia de tudo para não deixar transparecer a dor. Era o homem das piadas, do bom humor, da esperança renovada a cada entrevista de emprego.

    Mas a verdade é que, muitas vezes, ele voltava pra casa frustrado. Porque quando o contratante descobria que o homem cheio de entusiasmo ao telefone era um homem preto, retinto, o emprego certo virava só uma entrevista.

    Ainda assim, ele nunca parava de tentar.

    A última conversa entre ele e a Laila foi de amor. “Eu te amo, filha.” “Eu te amo também, pai.” E ela foi dormir.

    No dia seguinte, chegando em casa depois da escola, Laila recebeu a notícia de que o pai tinha morrido por conta de um infarto. E ela acreditou.

    Ainda assim o luto foi avassalador. Nada mais fazia sentido. A escola perdeu o brilho.

    Até que a avó paterna disse: “Vai deixar a dor te destruir ou correr pelos sonhos do seu pai?”

    Foi esse o impulso que ela precisava pra tentar o vestibular. E conseguiu. Laila foi aprovada em Química na USP.

    Foi aí que o chão abriu de novo. Ao procurar o atestado de óbito do pai para a matrícula, ela encontrou um boletim de ocorrência em que o laudo indicava suicídio.

    A raiva veio primeiro. Como ele pôde? Mas com o tempo, muita leitura e terapia, veio também a compreensão. A Laila que estudava moléculas passou a estudar a sociedade.

    Leu Djamila Ribeiro, Lélia Gonzalez, Angela Davis. Foi entendendo que a depressão do pai era também sobre racismo.

    Laila entendeu que o pai não foi fraco. Ele foi forte por tempo demais.

    Hoje, ela é professora e guarda uma caixa de cartas de jovens que disseram ter desistido de tirar a própria vida depois de ouvi-la falar.

    A tragédia da Laila hoje impede que outras famílias vivam tragédias iguais. Ela decidiu transformar dor em cuidado.


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    9 minutos
  • Fui mãe aos 16 mas nunca desisti do meu sonho de estudar
    Jun 10 2025

    A Karine cresceu em uma cidadezinha do interior da Paraíba, com menos de 20 mil habitantes, em uma casa onde sonhar alto não era bem-vindo.

    Desde pequena, ela acreditava que poderia mudar de vida por meio dos estudos. Mas quando o ambiente ao seu redor insiste que mulher tem que cuidar da roça, casar cedo e não reclamar, o caminho até a liberdade passa por escolhas difíceis.

    Com 16 anos, ela fugiu de casa. Queria sair daquele lugar de qualquer forma e achou que namorar alguém de outra cidade seria sua passagem. Logo depois, engravidou. Não por escolha consciente, mas por falta de informação, apoio e estrutura.

    “Se eu tivesse tido uma boa orientação sexual, eu não teria sido mãe aos 16 anos”, ela conta. Ainda assim, encarou a maternidade com coragem e veio para São Paulo com o bebê nos braços e a ideia de recomeçar.

    Mas a vida seguiu sendo dura. Um relacionamento abusivo, a solidão, mais uma gravidez, e nenhuma rede de apoio. A cada nova queda, o mundo parecia dizer que estudar não era pra ela.

    Mas dentro da Karine, uma palavra não parava de ecoar: "mais". Ela sabia que merecia mais, podia mais.

    Com dois filhos pequenos, encarou a faculdade de pedagogia. Estudava, cuidava das crianças, trabalhava e seguia ouvindo gente dizendo que ela era doida, que não ia dar certo. Só que deu. Ela concluiu o curso. Se formou. Se empregou. “Foi um dos maiores desafios da minha vida. Mas eu consegui.”

    E não parou por aí.

    Hoje, Karine está no segundo semestre de psicologia. Sonha em trabalhar com mulheres que, como ela, enfrentaram vulnerabilidades sociais e emocionais. Quer ser rede pra quem nunca teve uma. Quer mostrar que é possível transformar dor em potência.

    A história dela é um lembrete importante: nem todo mundo tem escolha. Falta de acesso, de apoio, de acolhimento. Tudo isso pesa. Especialmente para mulheres. E mesmo assim, muitas seguem. Lutam. Persistem. Como Karine.

    Ela diz: “Você pode tudo e todas as coisas. Não fique onde não tem amor.”

    E é isso. Que a gente aprenda a escutar mais, julgar menos, e apoiar quem ainda não teve as mesmas oportunidades que a gente. Porque sonho bom é aquele que a gente pode sonhar de verdade. E, se puder, realizar.

    O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Karine no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo

    Edição: Fábio de Azevedo (Nariz)

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    12 minutos
  • Eu criei uma mochila com bateria pro meu filho poder viver fora do hospital
    Jun 5 2025

    A vida do Léo começou com um sinal. Literalmente. Quando a Aline pediu ao filho, ainda na barriga, que levantasse o pescoço durante uma cirurgia intrauterina se quisesse lutar para nascer, ele atendeu. Era só o começo de uma história muita força e amor.

    A chegada do Léo foi desejada e tudo indicava um nascimento tranquilo. Mas um laudo mudou o rumo de tudo: Síndrome de Caos, uma obstrução rara da traqueia que impedia o bebê de respirar ao nascer.

    A única chance seria uma cirurgia intrauterina, inédita no mundo, que foi bem sucedida. Mas com um mês de vida, o Léo enfrentou uma infecção grave e perdeu todo o intestino. Disseram que só um transplante nos EUA, que custava 1 milhão de dólares, poderia salvá-lo.

    Após quase um ano, a Aline finalmente levou o filho para casa. Mas o hospital ainda morava com eles: sondas, oxigênio, respirador, protocolos, medos.

    A mãe se tornou técnica de enfermagem da vida real. E ainda assim, por muito tempo, apenas sobreviveu com o filho paciente.

    Até que, durante mais uma internação crítica, Aline fez uma promessa. Se saísse daquela, faria tudo diferente. Colocaria vida dentro do tratamento.

    E viver era descer até o parquinho com o filho e os aparelhos amarrados no carrinho. O sorriso do Léo naquele dia mudou tudo. Ele nunca mais teve uma internação prolongada desde então.

    Aline entendeu que viver cura, mesmo que a doença continue ali.

    Mas a vida continuava colocando obstáculos. Um deles foi quando um segurança no Cristo Redentor não liberou o uso de uma tomada para aspirar a traqueo do Léo.

    Aline e o marido, então, criaram uma mochila. Uma mochila com bateria que daria autonomia aos aparelhos do filho. O que era solução para uma dor, virou luz para outras famílias.

    A mochila virou a OutCare, um produto que em 2023, ajudou 50 crianças com diversas síndromes.7 já foram beneficiadas em outra campanha. A Aline deseja que nenhuma criança viva confinada por causa de um cabo de energia.

    Hoje, o Léo é um menino que não fala, não enxerga, mas entende tudo e se comunica com beijos e palmas, e que junto da mãe criou uma forma de dizer a outras famílias que sim, dá para viver mesmo com todas as limitações.

    Porque, no fim das contas, talvez o Léo nunca tenha precisado ser curado. Talvez ele tenha nascido pronto para curar o mundo ao redor.

    Ajude a custear mochilhas OutCare para outras crianças, doe para o pix outcare@historiasdeterapia.com

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    9 minutos
  • Eu sinto saudade do meu marido mesmo ele estando vivo
    May 29 2025

    A voz, o abraço, as brincadeiras do companheiro… Tudo não existe mais na vida da Janaína, depois do diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica do Marcos, seu marido há 26 anos

    Jana e Marcos se conheceram em um rodeio, ainda jovens. Ele foi o primeiro namorado dela, e o amor entre os dois cresceu rápido. Casaram, construíram uma família e uma rotina cheia de afeto.

    Mas, no começo de 2021, Marcos começou a sentir fraqueza nas mãos. Em pouco tempo, os sintomas se espalharam. A cada dois meses, a doença atingia uma parte diferente do corpo: primeiro os braços, depois as pernas, até afetar sua capacidade de respirar.

    O diagnóstico veio na mesma velocidade: Esclerose Lateral Amiotrófica. Uma doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo até que a pessoa fique totalmente incapaz.

    Mas o mais cruel da ELA é que a mente permanece ativa, e o Marcos está lúcido, sente tudo, mas não consegue mais se expressar.

    Por muitos meses, a única forma de comunicação com a família foi através dos olhos. Um piscar significava “sim”, duas piscadas “não”. Até que a musculatura ocular também foi comprometida, e ele mesmo pediu para parar de tentar se comunicar.

    Com esforço, apoio jurídico e ajuda do SUS, Janaína conseguiu trazer Marcos de volta para casa. Instalou toda a estrutura necessária, com cama hospitalar, respirador e equipe de enfermagem. Ele seguia sendo presente na rotina da esposa e dos dois filhos.

    E apesar do silêncio, Janaína insiste em amar. Todos os dias, ela cuida dele, beija, conversa, inclui nas decisões, mantém viva a dignidade que a doença tentou levar. E mesmo sem resposta, ela não deixa de dizer que o ama.

    Ela sente saudade da companhia, das conversas, das piadas, do jeito brincalhão que ele sempre teve. Sente saudade do homem que ainda está ali, mas não pode mais se mostrar.

    E mesmo assim, não desiste de estar ao lado. Porque como ela mesma diz: o amor é uma escolha. E ela escolhe amar, mesmo no silêncio.

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    8 minutos
  • Ele é um homem trans que decidiu gestar a própria filha
    May 22 2025

    “Se engravidou é porque tem útero. Então não é homem.” Lucas ouviu isso mais vezes do que gostaria. Mas não deixou que esse tipo de frase apagasse quem ele é. Ele escolheu viver a gestação sendo um homem trans com amor e coragem.

    Lucas conheceu o Vinicius pela internet. Conversavam bastante, viraram amigos, mas ele sempre adiava o encontro. Depois, marcaram de se ver. Lucas conheceu os quatro filhos dele, e o que era amizade virou amor.

    Ele nunca tinha se imaginado gestando. Tinha medo do que os outros pensariam, de como seria visto. “Será que vão me enxergar como mulher? Será que vão apagar o homem trans que sou?”

    Mas a vida não pergunta. Um dia, no trabalho, uma amiga tirou da mochila um teste de gravidez. Deu positivo. Uma linha forte, outra mais fraca. Lucas mandou a foto pra mãe, sem entender nada. “O que é isso aqui, mãe?” A resposta veio com um susto. E com um começo.

    No posto de saúde, foi acolhido. O médico o tratou com respeito desde o primeiro dia. Explicou todas as mudanças que aconteceriam no corpo. Nunca o desrespeitou.

    Lucas foi o primeiro homem trans do Rio de Janeiro a participar do Transgesta, projeto pioneiro do SUS que oferece cuidado especializado e acolhimento para pessoas trans gestantes.

    Durante a gestação, a falta dos hormônios fizeram com que sua barba caísse, sua imagem não era a que ele queria ver, mas ele seguiu. Escolheu focar no que importava: a chegada da filha.

    No dia do parto de Cecília, o anestesista perguntou se ele queria ouvir alguma música. Ele escolheu Cigarra, de Simone e Milton Nascimento, a música da bebê. E foi ouvindo essa canção que ela chegou ao mundo. Chorou antes mesmo de sair. Quando foi colocada em seu peito, pegou o seio de primeira.

    O nascimento de Cecília saiu em páginas de notícia. E também virou alvo de comentários cruéis. “Homem não engravida.” Mas Lucas não se deixou afetar. “Se você absorver tudo o que as pessoas falam, você deixa de viver sua vida do seu jeito."

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    6 minutos
  • Ela tinha planejado a própria morte, mas uma gatinha a salvou
    May 15 2025

    A depressão foi tirando tudo da Bruna. Primeiro, a energia. Depois, o desejo de se levantar da cama e, por fim, a vontade de continuar viva. Foi nesse ponto, já pesquisando métodos para não estar mais aqui, que ela resolveu pedir ajuda. O que ela não imaginava é que o socorro viria na forma de uma gatinha chamada Virgínia.

    Em plena pandemia, em 2020, ela se viu sozinha e começou a se afundar. Não comia, não tomava banho, não tinha forças. Mas mascarava bem. A família não percebia a gravidade da situação à distância.

    Mas o copo ficou cheio demais e transbordou. Numa visita à casa dos pais, sentada à mesa da cozinha, ela pediu ajuda.

    A irmã sugeriu que Bruna passasse uns dias com ela. E, tentando tirar a irmã daquele estado, insistiu pra que fossem visitar uma ONG de adoção de animais. Bruna não queria, mas topou, mais pra encerrar o assunto do que por vontade.

    E foi logo na primeira gaiola que ela apareceu. Uma gatinha adulta, quase idosa, com sequelas de uma doença respiratória, resgatada de um lugar muito ruim. E mesmo assim, estava disposta a dar e receber carinho: rolou no chão, mostrou a barriga e esfregou a bundinha na grade como se dissesse “olha pra mim.”

    E a Bruna olhou. Passado o recesso de fim de ano, ela foi adotar a Virgínia.

    Nos primeiros dias, bateu o medo. Como ela iria cuidar de uma gata se mal estava dando conta de si? Mas, com o tempo, foi percebendo que a rotina com Virgínia virou estrutura. E a estrutura virou cuidado. Com a gata e com ela mesma.

    Bruna sabe que a depressão é uma doença multifatorial. E que nenhuma cura vem de um único lugar. Ela fez terapia, toma medicação, conta com a rede de apoio. Mas reconhece: foi com a chegada da Virgínia que ela começou a reencontrar um sentido.

    Porque vida chama vida. E, às vezes, tudo que a gente precisa é de algo ou alguém pra lembrar disso.

    Hoje, Bruna fala da depressão sem vergonha. Fala com coragem. Pra dizer que não foi fácil, mas que é possível. E que nenhuma dor deve ser vivida em silêncio.

    Ela é uma pessoa com múltiplas camadas. E a depressão foi só uma delas. Entre todas as coisas que a definem, também está essa: ela é uma sobrevivente. E foi salva por uma gatinha.

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    8 minutos
  • Ele adotou o filho do padrasto, um garoto com síndrome de Down
    May 8 2025

    A história de Julio e Andrey começa no meio do caos. Uma vida que parecia prestes a se desfazer encontrou um novo sentido com a chegada de um menino com síndrome de Down, que, sem saber, salvou quem o salvaria.

    Julio saiu de casa aos 18 anos após conflitos familiares, mergulhou em uma depressão profunda e pensou em desistir.

    Até que um telefonema da mãe interrompeu esse ciclo. Ela estava namorando e o novo companheiro tinha um filho com síndrome de Down.

    A convivência com Andrey começou aos poucos. O garoto tinha comportamentos autolesivos e não conseguia se comunicar. Julio, então, se colocou no papel de cuidador, babá, irmão, tutor. Tudo ao mesmo tempo.

    Começou a ensinar pequenas coisas: comer sozinho, se vestir, se limpar. Passo a passo, foi mostrando ao Andrey o que era ser amado.

    A conexão entre os dois foi crescendo e se tornou ainda mais forte quando Andrey precisou passar por uma cirurgia. Foram 5 dias no hospital, e Julio ficou lá o tempo inteiro com ele.

    Foi só depois da alta que o pai biológico do Andrey apareceu, embriagado. Aquilo foi o ponto de virada: Julio decidiu entrar com o pedido de guarda.

    O pai cedeu, assinou os papéis, e a história deles, que já era forte, virou laço de fato.

    Julio ainda enfrentaria outra perda: a morte da mãe. Quem o acolheu foi Andrey.

    Com suas palavras simples e seu toque de carinho, Andrey segurou Julio no momento mais difícil. E foi ali que Julio entendeu: quem foi salvo, na verdade, foi ele.

    Hoje, 9 anos depois, Julio olha para Andrey, agora com 20 anos, e diz com orgulho que ele é seu filho e vem evoluindo todo dia.

    No fim das contas, o que incomoda muita gente não é a história de amor entre um pai e seu filho. É que essa história seja protagonizada por uma família que foge do padrão. Julio é um homem trans.

    Essa informação só aparece aqui, no fim, porque ela não muda em nada a beleza, a coragem e a potência do que foi vivido. Mas, para muita gente, ela mudaria tudo. E é justamente aí que mora o preconceito.

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    8 minutos