Episódios

  • Como é que os bebés comunicam antes das palavras? Pedro Caldeira da Silva
    Nov 19 2025
    O psiquiatra dos bebés explica como se fala antes das palavras: choro, ritmo, olhar e vínculo. Um episódio terno e revelador sobre comunicação, infância, tédio, ecrãs e adolescência.
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    54 minutos
  • O jornalismo ainda importa? Margarida Davim
    Nov 12 2025
    Margarida Davim fala sobre o papel social do jornalismo, o comentário político e o direito de todos a compreender as linguagens do poder.
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    46 minutos
  • Como comunicar com o corpo inteiro? Cristina Carvalhal
    Nov 5 2025
    Comunicar é expor-se. É escutar. É estar. Nesta conversa intensa e delicada, a atriz e encenadora Cristina Carvalhal partilha o que aprendeu em décadas de palco sobre a arte de comunicar com o corpo inteiro — e sobre o que o teatro pode ensinar à vida. “Comunicar é dar-se aos outros”, diz, com a serenidade de quem sabe que a voz é mais do que som: é presença. Mas esta conversa vai muito além do teatro. Fala de empatia, de atenção e da forma como o corpo, a respiração e o silêncio moldam tudo o que dizemos — e o que deixamos por dizer. O silêncio como espelho Vivemos num tempo em que o silêncio assusta. Mas Cristina Carvalhal lembra que há silêncios que oprimem e silêncios que curam; silêncios que afastam e outros que aproximam. Saber distingui-los é um ato de escuta profunda — e talvez uma das competências mais urgentes do nosso tempo. O teatro ensina isso todos os dias. O ator aprende a estar em cena sem falar, a ouvir o ar da sala, o rumor do público, o som dos próprios passos. É essa escuta periférica, como Cristina lhe chama, que transforma o gesto em linguagem e o instante em presença. O corpo que fala antes das palavras Muito antes da frase, o corpo já disse tudo. A postura, o olhar, a respiração, o movimento das mãos — cada detalhe é comunicação. O corpo revela disponibilidade ou resistência, confiança ou medo. Por isso, comunicar bem começa sempre por escutar o corpo: saber o que ele anuncia antes da voz. Cristina lembra que, no palco, a voz é uma extensão da respiração. Quem não respira, não comunica. Quem fala sem escutar o ar que o rodeia, perde o compasso do outro. E no mundo da pressa, essa consciência tornou-se rara. A coragem de dizer “não sei” Há momentos em que a melhor resposta é o silêncio. Ou um simples “não sei”. Para Cristina Carvalhal, essa honestidade é libertadora — em cena e na vida. A vulnerabilidade é uma forma de verdade, e comunicar bem é aceitar o que somos, naquele instante, sem disfarces. O nervosismo, diz ela, é só o corpo a lembrar-nos que o momento é importante. Transformar o medo em presença é o primeiro passo para falar com autenticidade. O erro como matéria-prima “Em processo criativo não há erro”, diz Cristina. No teatro, o erro é o ensaio da descoberta. Na vida, devia ser igual. O erro é um desvio que nos mostra novos caminhos, se houver espaço para a confiança e a escuta. Uma boa comunicação — em palco, em equipa ou em família — nasce desse espaço de segurança onde o erro não humilha, mas ensina. Cuidar do jardim comu No final da conversa, surge uma metáfora luminosa: “cuidar do jardim”. Cuidar do jardim interior — o lugar da atenção, da empatia, da escuta. E cuidar do jardim comum — o espaço público, a convivência, a cidadania. Num tempo em que o ruído domina e a agressividade parece regra, esta imagem é um apelo à responsabilidade coletiva: a comunicação é também um ato político. A forma como falamos uns com os outros define o mundo em que vivemos. A lição do teatro para todos nós Esta entrevista não é apenas sobre teatro — é sobre a vida. Sobre a forma como podemos ser mais conscientes nas conversas, mais atentos aos sinais, mais humanos na forma como lideramos, ensinamos ou simplesmente convivemos. Cristina Carvalhal mostra-nos que comunicar é cuidar: do corpo, da voz, do outro e do tempo. E lembra-nos que a empatia não é um talento, é uma prática diária. Lições essenciais de comunicação deste episódio Escute com o corpo, não apenas com os ouvidos. Aceite o nervosismo: é sinal de verdade, não de fraqueza. Dê espaço ao erro — ele faz parte do diálogo. Use o silêncio como aliado: é nele que o outro se reconhece. Cure o seu jardim — o pessoal e o coletivo.
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    1 hora
  • O que nos ensina a doçura sobre comunicação? Rita Nascimento
    Oct 29 2025
    Rita Nascimento, “La Dolce Rita”, mostra como a doçura comunica. Uma conversa sobre prazer, memórias e a arte de transformar sabor em afeto.
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    49 minutos
  • Como fotografar a emoção? José Sena Goulão
    Oct 22 2025
    O poder de olhar: o que o fotojornalismo ensina sobre comunicar Vivemos cercados de imagens. Fotografias, vídeos, fragmentos de realidade que passam depressa demais. Mas há uma diferença entre ver e olhar. Entre registar e compreender. Entre captar o instante — e perceber o que ele significa. Como fotografar a emoção? José Sena Goulão. Neste episódio do Pergunta Simples, a conversa é com José Sena Goulão, fotojornalista da Agência Lusa, autor de algumas das imagens mais marcantes da história recente de Portugal — como aquela, em pleno confinamento, de um homem sozinho a subir a Avenida da Liberdade com uma bandeira às costas. Mais do que falar de técnica, esta conversa fala de sentido: do que o fotojornalismo nos ensina sobre comunicar com verdade, emoção e responsabilidade. A fotografia como linguagem Desde que existe, a fotografia é uma forma de comunicar. De traduzir o mundo em luz. De transformar o instante em memória. Mas o mundo mudou. Hoje, qualquer um de nós tem uma câmara no bolso. E, com isso, o poder — e o risco — de publicar, manipular, distorcer. A fotografia, que nasceu como prova, tornou-se um território de dúvida. E é por isso que vale a pena ouvir quem continua a acreditar na imagem como linguagem de serviço público. O enquadramento é uma escolha ética. José Sena Goulão percorre há mais de quatro décadas o país e o mundo com uma câmara ao ombro: do Parlamento às bancadas do futebol, das cerimónias de Estado às praias de Carcavelos ao nascer do sol. Para ele, o enquadramento é tudo. É a linha que separa o que se mostra do que se omite. E essa linha é sempre ética. Na fotografia — como na comunicação — enquadrar é interpretar. É decidir o que é essencial e o que fica fora de campo. É escolher o foco, e com isso, construir um ponto de vista. Toda a fotografia revela tanto de quem fotografa como de quem é fotografado. E é nesse espelho — muitas vezes invisível — que se joga a honestidade do olhar. A emoção é o centro da verdade As fotografias que ficam não são as mais perfeitas. São as que tremem, as que respiram, as que captam o que é humano. Uma imagem pode ser tecnicamente irrepreensível e, ainda assim, vazia. O contrário também é verdade: uma fotografia imperfeita pode ser comovente, memorável, real. A emoção é o que transforma o registo em relato, e o relato em memória coletiva. É o que liga o que acontece ao que sentimos. E é também o que torna a comunicação — em qualquer contexto — profundamente humana. A ética é inseparável do olhar. Num tempo em que a inteligência artificial fabrica rostos que nunca existiram e paisagens que nunca aconteceram, o olhar humano torna-se um ato moral. Fotografar — como comunicar — é assumir responsabilidade. É compreender que há sempre uma fronteira entre mostrar e explorar, entre informar e invadir. A credibilidade nasce precisamente daí: da capacidade de respeitar quem está do outro lado da lente, do microfone ou da palavra. O fotojornalismo, neste sentido, é mais do que uma profissão: é uma missão pública. Ver, compreender e contar — antes que o ruído apague o essencial. A verdade não é perfeita, mas é necessária. A fotografia de José Sena Goulão no 25 de Abril de 2020 — um homem sozinho a subir a Avenida da Liberdade com a bandeira de Portugal às costas — tornou-se um símbolo desse compromisso. Num país confinado, foi uma pergunta em forma de imagem: o que é a liberdade, quando quase nada se pode ver? Foi também uma prova de que a verdade não precisa de ser perfeita para ser poderosa. Basta ser honesta. E essa talvez seja a lição mais urgente sobre comunicação: a verdade comove mais do que o filtro. Comunicar é resistir à indiferença. No fim desta conversa, uma ideia fica clara: Comunicar bem é manter o foco quando tudo em volta distrai. Ver, compreender e contar. Três verbos simples.
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    1 hora e 4 minutos
  • Jose Gameiro
    Oct 15 2025
    Vivam, bem-vindos ao Pergunta Simples, o vosso podcast sobre comunicação. Há perguntas que atravessam séculos e resistem às respostas fáceis. Por que amamos quem amamos? Porque é que, mesmo amando, desejamos outro? E porque é que, tantas vezes, aquilo que devia aproximar-nos acaba por nos separar? Quis saber tudo com o psiquiatra José Gameiro e especialista em amores e casos mau parados, separações e ressurreições relacionais ABERTURa A comunicação é o fio invisível que sustenta o amor — e também o primeiro a romper-se quando a relação se gasta. O tom muda, as palavras rareiam, o silêncio instala-se. E, no entanto, é aí, nesse vazio, que o coração humano tenta reinventar o diálogo — consigo próprio e com o outro. O episódio de hoje mergulha nesse território onde razão e emoção se confundem. O nosso convidado é José Gameiro, psiquiatra, especialista em relações de casal e autor do romance O Outro — uma história que fala do desejo, da culpa e da busca impossível por completude. Um romance sobre o que acontece quando o amor não chega, quando o quotidiano se torna demasiado previsível e o coração, insatisfeito, decide procurar sentido fora de casa. Mas “O Outro” não é apenas uma narrativa sobre infidelidade. É uma reflexão sobre o ser humano moderno — fragmentado, dividido entre o que sente e o que deve sentir. E, sobretudo, sobre a forma como comunicamos dentro das nossas contradições: o que dizemos e o que calamos, o que confessamos e o que escondemos. Porque os triângulos amorosos, no fundo, são também triângulos de comunicação. Há sempre três vozes em conflito: a da verdade, a do desejo e a do medo. Uma pede liberdade, outra pede pertença, a terceira tenta salvar a imagem que temos de nós próprios. E é nesse campo minado que o amor contemporâneo tenta sobreviver. Há quem pense que comunicar é escolher as palavras certas. Mas comunicar é, acima de tudo, ter coragem para expor as nossas incoerências. É suportar a nudez emocional de dizer “já não sei o que sinto”, e ficar ali — em silêncio — à espera que o outro não fuja. Primeira lição: O amor é uma língua que se fala com hesitação. Não há gramática perfeita, nem tradução fiel. As palavras envelhecem, os gestos mudam de sentido. O que ontem significava amor, hoje pode soar a tédio. Comunicar bem é aceitar que o idioma da intimidade tem de ser reaprendido todos os dias. Segunda lição: As relações não se quebram por causa do conflito, mas por falta de diálogo. O não-dito é o verdadeiro veneno. A omissão, o silêncio, a ausência emocional: são eles que corroem a ligação entre duas pessoas. Gameiro recorda que não há pior solidão do que a de quem vive acompanhado, mas deixou de ser ouvido. Terceira lição: Amar não é possuir, é compreender. Cuidar do outro é compreender o seu medo, a sua fadiga, a sua necessidade de espaço. É saber rir no meio do caos, escutar sem interromper, aceitar que o amor também precisa de ar. No fundo, esta conversa é sobre os dilemas universais da comunicação: o que acontece quando o discurso íntimo se esgota, quando o desejo se transforma em culpa, quando o humor desaparece e o silêncio se instala. E é também sobre a redenção possível — o reencontro entre dois seres que aprendem a falar de novo, com menos certezas e mais ternura. Porque o amor, como a linguagem, só existe enquanto é praticado. Não há manual de instruções, mas há uma ética: a de tentar compreender o outro antes de se defender de si próprio. E talvez seja essa a lição maior do episódio de hoje: que comunicar é, sempre, um ato de amor. E que o amor, quando se comunica mal, transforma-se num espelho estilhaçado — onde cada pedaço reflete uma parte de nós que ainda não aprendemos a escutar. FECHO Neste episódio do Pergunta Simples, José Gameiro — psiquiatra, especialista em relações de casal e autor de O Outro ...
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    53 minutos
  • O que as cores nos ensinam sobre comunicação? Miguel Neiva
    Oct 8 2025
    Imagina um mundo onde as cores não se distinguem.Onde o vermelho e o verde se confundem, o azul é um rumor distante, e o laranja — aquele que te faz lembrar o verão — é apenas um tom indecifrável.É esse o mundo de 350 milhões de pessoas no planeta: o mundo dos daltónicos.Mas este episódio não é sobre visão. É sobre comunicação — sobre como o modo como representamos o mundo pode incluir ou excluir milhões de pessoas. O que as cores nos ensinam sobre comunicação? um tema essencial para entendermos melhor a diversidade na percepção das cores. A cor, afinal, é linguagem.E quando uma linguagem não é compreendida, o resultado é o mesmo de qualquer conversa mal traduzida: ruído, frustração, isolamento.Foi ao reparar nesse ruído que um ‘designer’ português, Miguel Neiva, decidiu criar o ColorADD: um código visual que permite a quem não distingue cores… distinguir o mundo. O que as cores nos ensinam sobre comunicação? Miguel Neiva é uma reflexão que merece ser partilhada. Parece uma ideia simples — e é precisamente aí que está o génio.Porque comunicar bem é quase sempre isto: traduzir o complexo em claro, o técnico em humano, o invisível em visível.O ColorADD nasceu no cruzamento entre design e empatia — e tornou-se uma nova forma de linguagem.Mas esta conversa vai muito além do código. É sobre o que significa comunicar com propósito.E sobre o que o design, a ciência e o ensino podem aprender uns com os outros quando o objetivo é servir o ser humano. O que as cores nos ensinam sobre comunicação? Miguel Neiva deve ser uma parte vital de nosso entendimento sobre as relações humanas. Num tempo em que tanto se fala de inovação, o que distingue uma boa ideia de um simples artifício é a capacidade de resolver um problema real de forma compreensível a todos.É isso que Miguel Neiva nos ensina: que o design é, no fundo, uma forma de tradução — a arte de dar forma visível às necessidades invisíveis. Ao longo da conversa, há três grandes lições de comunicação que ficam:1. A clareza é uma forma de respeito.Quando simplificamos uma mensagem, não a empobrecemos: tornamo-la acessível.E isso é um ato ético, não estético.2. Uma boa ideia só existe quando é compreendida.É fácil criar símbolos, difícil é criar significado.A comunicação verdadeira exige empatia — ver o mundo com os olhos dos outros, mesmo quando esses olhos não veem as mesmas cores.3. O design é linguagem.Cada forma, cor, símbolo ou ausência deles comunica.O segredo está em desenhar para todos, e não apenas para quem já entende o código. Há, portanto, algo de profundamente político e humano nesta conversa.Falamos de um sistema de cores, mas também de como nos vemos e ouvimos uns aos outros.De como o ruído, o preconceito e o ego são as verdadeiras “cores trocadas” da comunicação humana. No fundo, esta é uma história sobre o poder da simplicidade.Sobre como uma linguagem clara pode tornar o mundo mais habitável, mais justo — e mais bonito.E talvez seja esse o papel de quem comunica, ensina ou lidera: transformar o invisível em compreensão.Como Miguel Neiva fez com as cores, também nós podemos fazer com as palavras. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO 00:00:00:00 - 00:00:06:10 Desconhecido Viva Miguel Neiva, designer conhecido por ser o criador do Colorado. 00:00:06:13 - 00:00:37:07 Desconhecido Vamos já falar sobre isso. Um código de cores que ajuda as pessoas daltónicos a saber que cor é aquela que ali está. Quem não é daltónico provavelmente nem sequer entende bem a dificuldade de disrupção que pode significar no mundo dessas pessoas. Viva Miguel, Tens uma cor favorita? Tenho uma coisa favorita e é muito curioso. Eu visto sempre de preto e se me perguntares como que preto não, confesso que não sei, mas a minha cor favorita é o laranja. 00:00:37:09 - 00:01:10:24 Desconhecido Isso é muito engraçado porque. Memórias de infância O laranja era a cor sempre desprezada pelos meus amigos quando jogávamos jogos. E pior que o amarelo,
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    53 minutos
  • Como continuar a comunicar quando a vida apaga a luz? Ricardo Miguel Teixeira
    Oct 1 2025
    Quando a vida apaga a luz, nasce outra forma de comunicar. Um episódio sobre humor, linguagem e corpo — e sobre como a diferença pode transformar-se em força e ensinar-nos a ver melhor.
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    55 minutos