Episódios

  • T05#02 - Era uma vez uma auto-análise
    Oct 20 2025

    Este episódio discute a chamada auto-análise de Freud, realizada entre 1897 e 1900, período em que ele elaborou suas primeiras hipóteses sobre o inconsciente, os sonhos e a sexualidade. O ponto de partida é a parceria anterior com Josef Breuer, médico com quem publicou Estudos sobre a histeria em 1895 ea correspondência de Freud com Wilhelm Fliess .

    A relação com Breuer e Fliess revela dois modos distintos de interlocução: o primeiro,marcado por uma relação quase filial e bastante tranquila, já o segundo, marcado pela intensidade pessoal e pelo compartilhamento das ideias ainda em formação. É nesse espaço intermediário que se deu a famosa a auto-análise de Freud, um processo que uniu reflexão teórica, elaboração, escrita e que estaria na posição de mito fundador da psícanálise.

    O episódio retoma a leitura de Henri Ellenberger, Erik Porge e Peter Gay dentre outros para discutir em que medida a autoanálise de Freud pode ser compreendida como um exercício clínico ou, antes, como um mito.


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    Também vale conferir a divulgação do nossa Jornada de Estudos Psicanalíticos de 2025, com o Tema A psicanálise e suas práticas - para mais informações --> CLIQUE AQUI


    BIBLIOGRAFIA DO EPISÓDIO:


    ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

    GAY, Peter. Freud: uma vida para o nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

    ELLENBERGER, Henri F. A descoberta do inconsciente: história e evolução da psiquiatria dinâmica. São Paulo: Martins Fontes, 1970.

    FREUD, Sigmund; BREUER, Josef. Estudos sobre a histeria (1895). In: FREUD, Sigmund. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. II. Rio de Janeiro: Imago, 1974.

    FREUD, Sigmund. História do movimento psicanalítico (1914). In: FREUD, Sigmund. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

    PORGE, Éric. Freud/Fliess: mito e quimera da autoanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998

    LACAN, Jacques. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise: o seminário, livro 11 (1964). Rio de Janeiro: Zahar, 1988.

    SULLOWAY, Frank J. Freud, biologist of the mind: beyond the psychoanalytic legend. 2. ed. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1992.

    VIDAL, Paulo Eduardo Viana. A invenção da psicanálise e a correspondência Freud/Fliess. Estilos clin., São Paulo , v. 15, n. 2, p. 460-479, dez. 2010 . Disponível em . acessos em 17 out. 2025.

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    54 minutos
  • T05#01 - Nem Deus, nem o Diabo: o Inconsciente
    Oct 7 2025

    Neste episódio, nós vamos percorrer uma parte da história das ideias sobre o inconsciente bem antes de Freud pensar sobre o assunto. Do xamã ao magnetizador, do exorcismo às experiências de Mesmer e Charcot, a idéia é tentar um mergulho nas origens simbólicas, religiosas e clínicas desse campo do psiquismo. A psicanálise não nasceu do nada: ela herdou séculos de práticas que tentavam dar sentido ao sofrimento humano e reorganizar a relação entre corpo, alma e cultura.

    Partindo do Iluminismo, vamos acompanhar o médico Franz Anton Mesmer e seu magnetismo animal, passando pelo padre Gassner e seus exorcismos, marquês de Puységur e o sonambulismo, até chegar nas experiências hipnóticas da Salpêtrière, onde Jean-Martin Charcot transformou a histeria numa espécie de espetáculo científico e impressionou o jovem Freud.

    Numa salada de frutas historiográfica vamos conversar sobre ciência, magia e espiritualidade, mas também de cultura, poder e exclusão. Até porque, pensar o Inconsciente numa longa arqueologia do saber é pensar os modos como fomos nomeando essas forças psíquicas invisíveis que atravessam a história humana. Se interessa por psicanálise, filosofia, história da loucura? Vem comigo !

    Bora? Bora!

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    BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA PARA O EPISÓDIO:


    ALVARADO, Carlos S. Fenômenos psíquicos e o problema mente-corpo: notas históricas sobre uma tradição conceitual negligenciada. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 40, n. 4, p. 157–161, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832013000400006.

    DARNTON, Robert. O lado oculto da Revolução: Mesmer e o final do Iluminismo na França. Tradução de Denise Guimarães Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

    DIDI-HUBERMAN, Georges. A invenção da histeria: Charcot e a iconografia fotográfica da Salpêtrière. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.

    ELLENBERGER, Henri F. A descoberta do inconsciente: história e evolução da psiquiatria dinâmica. São Paulo: Perspectiva, 2023.

    FERENCZI, Sándor. Rumo à Psicanálise – Escritos Pré-analíticos (1897–1908). Tradução de Alina Karnics. Edição e preparação de Judit Mészáros. São Paulo: INM Editora, 2024.

    FOUCAULT, Michel. História da loucura na Idade Clássica. Tradução de José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 1978.

    FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1977.

    FREUD, Sigmund. Charcot (1893–1899): Primeiros escritos psicanalíticos. Tradução de Elias Davidovich. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

    FREUD, Sigmund. Moral sexual civilizada e doenças nervosas modernas. In: ______. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

    FREUD, Sigmund. O futuro de uma ilusão. In: ______. Cultura, sociedade, religião: O mal-estar na cultura e outros escritos. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

    FREUD, Sigmund. Psicanálise e telepatia. In: ______. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 18. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

    FREUD, Sigmund. Totem e Tabu. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

    GOLDSTEIN, Jan. Console and Classify: The French Psychiatric Profession in the Nineteenth Century. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

    GYIMESI, Júlia. Why “Spiritism”? International Journal of Psychoanalysis, v. 97, n. 2, p. 357–383, 2016. DOI: 10.1111/1745-8315.12364.

    OPPENHEIM, Janet. The Other World: Spiritualism and Psychical Research in England, 1850–1914. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

    ROUDINESCO, Élisabeth; PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. Verbete “Hipnose”.

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    50 minutos
  • T05#00 - Uma história possível da psicanálise
    Sep 24 2025

    Neste episódio nós começamos a 5ª temporada do Tá Freud!, dedicada à história da psicanálise, e explorando seus fundamentos, disputas e transformações desde Freud até a contemporaneidade. Vamos partir do texto A História do Movimento Psicanalítico (1914), para refletir sobre os caminhos da psicanálise, as rupturas com Alfred Adler e Carl Gustav Jung, os embates institucionais e o contexto cultural e político da Europa do início do século XX, marcado pelo antissemitismo e pelas tensões que antecederam a Primeira Guerra Mundial.


    O episódio discute como Freud, ao escrever a história de sua própria criação, construiu uma narrativa legitimadora da psicanálise, silenciando dissidências e fortalecendo sua posição como fundador.


    Mais do que recontar a trajetória da psicanálise, o nosso objetivo é questionar: o que significa escrever a história da psicanálise? Como diferentes versões moldaram sua transmissão e prática? E de que forma esses conflitos ecoam até hoje?

    Bora? Bora!


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    Bibliografia de referência para o episódio:

    CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

    FREUD, Sigmund. A história do movimento psicanalítico. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. XIV).

    FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. VII).

    FREUD, Sigmund. Tratamento psíquico (tratamento anímico). In: ____. Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

    JONES, Ernest. Vida e obra de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1989. 3 v.

    JUNG, Carl Gustav. Símbolos da transformação. Petrópolis: Vozes, 2011. [Versão revista de: Transformações e símbolos da libido (1912)].

    KUPERMAN, Daniel. Transferências cruzadas. São Paulo: Zagodoni, 2020.

    ROUDINESCO, Élisabeth; PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

    SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. 2. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2015.

    WISTRICH, Robert S. Os judeus de Viena na era de Francisco José. São Paulo: Perspectiva, 1990.

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    36 minutos
  • T04#07 - Amor Fati
    Jul 2 2025

    Neste episódio, estou conversando com meu amigo Alberto Luiz, mestre e doutorando em Filosofia, para uma conversa sobre o conceito de Amor Fati, expressão latina que significa “amor ao destino”. Partindo da tradição estoica e chegando à formulação radical de Friedrich Nietzsche, discutimos como esse princípio atravessa tanto a ética quanto uma estética da existência.

    O Amor Fati, em Nietzsche, não é mera aceitação resignada do que acontece, mas uma afirmação ativa da vida em sua totalidade, incluindo o sofrimento, a perda e a finitude. Conversamos sobre como esse pensamento se insurge contra a nostalgia, o idealismo e o ressentimento, propondo uma relação mais profunda e criadora com o tempo, com a história pessoal e com o mundo.

    Entre filosofia, experiência e sensibilidade, exploramos as implicações existenciais e políticas de amar o que nos acontece, não apesar de tudo, mas por causa de tudo.

    Vamos?

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    57 minutos
  • Extra - As formações e deformações do analista
    Jun 7 2025


    O que é que forma um psicanalista?

    Essa pergunta que atravessa a história da psicanálise desde Freud, ganha contornos cada vez mais complexos no Brasil de hoje. Neste episódio extra do Tá Freud!, nós vamos fazer uma caminhada crítica sobre os impasses e as deformações que marcam os dispositivos de formação analítica na contemporaneidade. Começando lá na fundação da Sociedade Psicológica das Quartas-feiras e indo até a multiplicação de “cursos livres” e “formações-relâmpago” nas redes sociais, o objetivo é pensar o que se perde quando a transmissão da psicanálise é capturada por lógicas de certificação, performance e consumo.

    Vamos conversar um pouco sobre o modelo tradicional da IPA, suas contribuições e suas amarras, a crítica de Lacan à análise didática, a proposta do passe e as tentativas de refundação que surgem a partir daí, passando pelo impacto da racionalidade neoliberal sobre o campo psicanalítico, que transforma a formação em produto, o analista em influencer e o desejo em ferramenta de marketing. Mas não são só cenários ruins nessa história. É possível encontrar coletivos, núcleos experimentais e escolas autônomas que resistem, reinventam e mantêm vivo o gesto ético que sustenta a formação,

    Se você tem se perguntado sobre como estudar a psicanálise, por onde começar, o que considerar ao escolher um percurso, ou se já se encontra nele e tem que se haver com seus dilemas, esse episódio pode trazer algumas reflexões pra juntar com as suas. Porque, no fundo, a formação do analista é menos sobre um caminho único do que sobre a sustentação de uma aposta. E talvez o que justifique ainda hoje a existência da psicanálise seja justamente isso: o fato de que nenhuma instituição, por si só, pode garantir o efeito de desejo que funda essa experiência.


    E se quer conhecer o trabalho do Círculo de Estudos Psicanalíticos de Juiz de Fora, estão aqui os links:


    Site Institucional: https://www.circulojf.com.br/

    Instagram: @circulojf

    Formação: https://www.circulojf.com.br/curso


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    38 minutos
  • T04#06 - Quando desistir?
    May 29 2025

    Desistir, tá aí uma palavra quase sempre associada a fraqueza, fracasso, covardia… Mas e se desistir fosse, em certos momentos, o único gesto possível de lucidez?

    Neste episódio, partimos do mito de Sísifo - o homem condenado a repetir eternamente um esforço sem fim - para pensar o quanto de nós também vive empurrando pedras que já não fazem mais sentido.

    Inspirado pelo livro “Sobre Desistir”, de Adam Phillips, publicado pela editora Ubu, vamos pensar um pouco sobre essa moral da perseverança que atravessa nossa cultura contemporânea. Uma moral que nos convoca a seguir, a resistir, a insistir, mesmo que isso custe o desejo e até mesmo a vida.

    Na escuta analítica, às vezes, o mais difícil não é continuar… mas permitir-se parar. Talvez a desistência, em certos casos, seja menos um recuo e mais um reencontro. Um espaço que se abre entre a repetição e o desejo. Entre o gozo e a liberdade.

    Sísifo não tinha escolha. Mas nós - pelo menos às vezes - temos.

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    45 minutos
  • T04#05 - Ausências e presenças do luto (com Kelly Alcantara)
    May 15 2025

    Neste episódio conversei com a psicanalista e psicóloga Kelly Alcântara (@kelly.macedoalcantara) sobre um tema muito sensível: o luto.

    A morte e o morrer, enquanto fenômenos que compõem a vida humana podem ser lidos como fatalidades coletivas e individuais, mas isso, por si, não soluciona o desafio psíquico de ter que lidar com a separação daquele objeto.

    Mas o luto é vivenciado só diante da morte biológica? Existem outros tipos de luto? É possível medir o tempo em que alguém atravessa aquilo que Freud nomeou como 'trabalho do luto"?

    Se o tema te interessa, vem com a gente!


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    59 minutos
  • T04#03 - Culpa ou necessidade de punição?
    May 1 2025

    Você já se pegou sentindo culpa sem nem saber direito por quê? Ou achando que, de alguma forma, mereceria ser punido mesmo sem ter exatamente feito alguma coisa errada? Pois é, Isso tem tudo a ver com o Supereu – de acordo com a psicanálise, uma das instâncias psíquicas que nos constituem, que não dá trégua e está sempre cobrando alguma coisa.

    Para entender melhor esse tema, eu conversei com Aline Tavares, psicóloga, psicanalista, mestra e doutoranda em psicanálise pela UERJ, que pesquisa justamente sobre o Supereu. Percorremos um caminho entre Freud e Lacan para tentar entender um pouco melhor de onde vem esse sentimento de culpa e por que, às vezes, a gente mesmo se coloca na berlinda.

    O tema te interessa? Vem com a gente!

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    1 hora e 18 minutos