É possível dizer que parte do que se entende por felicidade está também atrelada à ideia de liberdade. Ser feliz acaba, em certa medida, dizendo respeito à possibilidade de realizarmos nossos potenciais e desejos - ser e conquistar aquilo que se pretende. No entanto, mesmo desejos e aspirações mais imateriais parecem estar atreladas à materialidade e às limitações do mundo: podemos ser e conquistar aquilo que nosso contexto permite. Como fica o desejo, em especial num tempo em que somos bombardeados por vidas perfeitas e convites ao consumo? Antes disso, será que somos donos dos nossos próprios desejos e de nossos projetos de vida? Por que queremos o que queremos? O curso propõe algumas reflexões a partir de propostas da filosofia e da psicanálise.

Aula 1 | O que são felicidade e liberdade? Como elas se (des)encontram? (~50min)

Sobre o fim da capacidade de narrar... W. Benjamin. Um sobrevoo histórico-filosófico sobre a felicidade, a experiência do tempo e seus sentidos. A liberdade dos modernos e a liberdade dos antigos. Da filosofia antiga ao utilitarismo, das teorias do contrato social à formação das sociedades “pós-modernas”: uma comprovação de que os fundamentos flutuam. Hannah Arendt: mundo, liberdade e novidade: a potência de inventar o possível. F. Fanon, Os condenados da terra e Alienação e liberdade, colocar em questão a luta pela libertação nas colônias e os impactos psíquicos da colonização.

Aula 2 | Desejo, consumo e autenticidade (~50min)

Um relatório para a academia – Kafka. O desejo é o desejo do Outro. Imperativo do gozo, sociedade de massas, sociedade de consumo: Lacan, Marcuse e a Escola de Frankfurt. As feridas narcísicas e as armadilhas da identidade, autenticidade, empoderamento. Liberdade como saída a partir de Paul Preciado. Desejo e neoliberalismo, obediência inconsciente e neoliberalismo. Obrigação de ser feliz, busca pela euforia e medicalização da tristeza. Estamos condenados?

Aula 3 | Bem-estar revisitado (~50min)

Davi Kopenawa e o anúncio da queda do céu. Bem-estar, um conceito demasiadamente ocidental (e seu avesso...). Desempenho, performance e cansaço: de Foucault a Byung-Chul Han, formas de vida e produção de subjetividade da modernidade a “pós-modernidade”. Heidegger: a consumação da metafísica na era da técnica e a poesia como possibilidade de abertura da existência; Sloterdijk, Esferas.

Suze Piza é professora de Filosofia na UFABC. Faz parte dos programas de Pós-Graduação em Filosofia, na linha de pesquisa de Ética e Filosofia Política, e no Programa de Economia Política Mundial, na linha de pesquisa de Conhecimento, produção e trabalho. É doutora em Filosofia pela Unicamp, onde foi pesquisadora de pós-doutorado e professora colaboradora no Departamento de Filosofia (IFCH) UNICAMP entre 2015-2017. Tem diversos artigos e livros publicados. Atua principalmente nos seguintes temas: produção de pensamento filosófico e das ciências humanas, pensamento ético-político latino-americano, africano e europeu, interfaces entre Filosofia e Psicanálise e o instrumental analítico produzido por Michel Foucault. É membro do NEAB - Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros. Atualmente coordena o projeto de extensão Produção e reprodução do conhecimento em Heliópolis-SP.