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Jornalista esportivo Cosme Rímoli entrevista grandes nomes do universo do esporte em um bate-papo sobre o que rola dentro e fora de campo.Cosme Rímoli
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  • TÍNHAMOS PELÉ, COUTINHO, MENGÁLVIO, EU. AGORA? É SÓ NEYMAR.'
    Jun 3 2025

    "Pode apostar nesse menino. Ele vai dar o que falar."

    Foi assim, a apresentação de Jonas Eduardo Américo na Vila Belmiro, em 1964, à direção do Santos. E as palavras foram ouvidas com muita atenção. Elas saíram da boca de Pelé. E ele acertou em cheio, ao falar do garoto de 14 anos, que descobriu em Jaú.

    Dois anos depois, já era seu companheiro de Santos. E de Copa do Mundo. O mais jovem brasileiro a ir a um Mundial, com apenas 16 anos.

    Edu foi um fenômeno. Teve uma carreira impressionante. Seus dribles curtos, sua sede de gols, a visão de jogo. Foram dez anos espetaculares no Santos.

    A France Football o escolheu como melhor ponta esquerda do mundo em 1968 e 1969.

    "Nós tínhamos uma equipe maravilhosa. A começar por Pelé. Jogar ao seu lado era impressionante. Ele antevia todos os lances. Era sério, determinado. A fome de gols e de vitórias que ele tinha nos contagiava. Conseguimos formar um dos melhores times de todos os tempos.

    "Só não ganhamos mais Libertadores e Mundiais porque os nossos presidentes queriam dinheiro. E as excursões pelo mundo era muito lucrativas. Entrávamos em campo sabendo que íamos vencer. O Santos ganhou muito, mas muito dinheiro. Era para ser hoje o clube mais rico do país. Por que essa fase, que durou anos, com dinheiro entrando sem parar, não refletiu em infraestrutura? A culpa é de quem administrou o Santos. Em campo, fizemos de tudo. Dinheiro veio e muito."

    Edu, além de driblador, era artilheiro.

    Marcou 189 gols com camisa santista. Foi convocado para três Copas do Mundo. Mas esse é um assunto que o amargura. 'A primeira não joguei, em 1966, por ser jovem demais. Na segunda, foi por causa do esquema tático do Zagallo. Fui titular as Eliminatórias inteiras, com João Saldanha. Em 1974, não tem explicação, a não ser a perseguição de Zagallo que, além de privilegiar os cariocas, não gostava de mim. Me convocou por obrigação, mas não me escalou. Foi muita injustiça e o Wendel me segurou quando o xinguei e fui cobrar essa perseguição.'

    Edu saiu do Santos por se desentender com dirigentes. Foi para o Corinthians, campeão de 1977. Mas sentiu os jogadores divididos 'em panelas'. Foi para o Inter. De lá, para seis anos no Tigres, do México. Jogou nos Estados Unidos, no Tampa Bay. Voltou para encerrar a carreira no São Cristóvão, Nacional e Dom Bosco.

    Aos 75 anos, segue como um dos embaixadores do Santos, em vários eventos pelo mundo.

    E acompanha com imensa preocupação os últimos anos do seu time de coração.

    "Chorei muito em 2023, quando o Santos foi rebaixado. Saí andando sem rumo, do estádio.

    "Agora, de novo, estou muito preocupado.

    "A situação é complicada e o peso está todo no Neymar. Ele é um jogador excepcional. Mas está sozinho. Nós tínhamos Pelé, Mengálvio, Toninho, Carlos Alberto, Clodoaldo, eu...

    "Agora? É só o Neymar.

    "O Santos não pode ser rebaixado de novo. Não quero nem pensar nas consequências. É triste. Nunca pensei que esse clube, que conquistamos tanto, iria estar nessa situação."

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    1 hora e 43 minutos
  • 'ZAGALLO PERDEU A COPA DE 74. FICOU COM MEDO DE ESCALAR NÓS SEIS, DO PALMEIRAS.'
    May 27 2025

    Leão, Luís Pereira, Alfredo, Ademir da Guia, Leivinha e César Maluco.

    Esses foram os seis jogadores, que atuavam no Palmeiras bicampeão brasileiro. E que foram para a Alemanha, disputar a Copa do Mundo de 1974. Eles tinham convicção que atuariam juntos, formariam a base da Seleção na busca do tetracampeonato.

    "Era a coisa mais lógica a fazer. Como tinha acontecido com o Santos e Botafogo, no Mundiais de 58 e 62. Mas o bairrismo pesou. O Zagallo preferiu fazer média com o Rio de Janeiro. O Brandão, que era treinador do Palmeiras, me falou na Alemanha: volta para o Brasil, porque você não vai jogar. Só o Leão e o Luís Pereira vão ser titulares. Não querem que o Palmeiras ganhe o tricampeonato brasileiro. Eu deveria ter voltado, ir embora", desabafa, César, em entrevista exclusiva.

    Aos 80 anos, ele não tem nada de maluco.

    "Detestava esse apelido. Foi o José Geraldo de Almeida, narrador famoso, na década de 60, quem deu. Porque eu gostava de comemorar meus gols subindo no alambrado, com os torcedores. Eu sempre fui uma pessoa alegre, expansiva. Queria a celebração, a emoção do gol."

    César teve o privilégio de jogar nos dois fantásticos times do Palmeiras que mereceram o apelido de Academia.

    "Era muito talento junto. Primeiro, Valdir de Morais, Djalma Dias, Djalma Santos, Julinho, Ademir, Servílio, Tupãzinho, eu. Depois, Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Ney. Juntou talento, dedicação, treinamento sério e entrosamento. Sabia, sem enxergar, a movimentação do time. Como a bola viria para eu concluir. Sou o maior artilheiro vivo da história do Palmeiras, com 194 gols." Faria mais, se não fosse suspenso por 11 meses, ao tentar dar cabeçada em um árbitro. Só fica atrás de Heitor, com 323, que jogou entre 1916 e 1931.

    Carioca de Niterói, César chegou ao Palestra Itália por empréstimo do Flamengo. Foi muito bem. O time carioca o quis de volta. Só que o Palmeiras decidiu comprá-lo. Insistiu e o trouxe para ficar. Foram, no total, oito anos com a camisa verde. Ganhou cinco Brasileiros. Dois Paulistas. Foi um grande ídolo.

    "Eu sempre gostei muito de viver. Morava no hotel Normandia, onde ficavam os cantores da Jovem Guarda. Conversava com o Raul Seixas. Vivia... Adorava a boate La Licorne. Era um bordel chic.

    "A dona, uma cafetina, se apaixonou por mim. Ela soube que eu iria casar. E foi, desesperada, para a Alemanha. Me ofereceu 15 mil dólares e uma Mercedes para que eu ficasse com ela. Em plena Copa do Mundo. Uma loucura. Não aceitei, lógico. E casei."

    César teve proposta do Real Madrid, depois de o Palmeiras ter vencido o torneio de Ramón de Carranza, em 1974.

    "O Palmeiras disse que eu era inegociável. Só que eu briguei com o Brandão. O técnico se juntou ao Nelson Duque, que era dirigente, e resolveram me vender para o Corinthians. Sem eu saber. Não havia lei do passe. Jogador era escravo. Eu fui para lá como punição. Um clube gigante. Mas justo o maior rival. Adorava fazer gol contra ele.

    "Não deu certo. Me chamavam de 'porco' nos treinos. Um dia, perdi a cabeça e bati em uns moleques de 18 anos. Um deles era filho de um diretor e fui embora do Corinthians. Nunca quis ter ido para lá."

    Acabou no Santos, Pelé quase o levou para o Cosmos. Vieram as contusões, que o atrapalharam.

    Depois, passou pelo Fluminense, Botafogo de Ribeirão Preto, Rio Negro e Aris, da Grécia.

    "Fui muito feliz no futebol. Dei casa para o meu pai e minha mãe. Cuidei da minha família. Conheci o mundo. Fui ídolo. Se pudesse voltar, faria tudo de novo.

    "E com uma certeza.

    " Nasci para o Palmeiras."

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    1 hora e 52 minutos
  • 'MEU BICHO DE ESTIMAÇÃO ERA UM LEÃO. PELÉ PEDIU PARA EU MANEIRAR. PERDI MILHÕES.'
    May 20 2025

    "Quando chegava virado, da farra, pegava o Simba, que era meu leão, e ia com ele para o treino na Ponte Preta. Subia no campo e o deixava lá. Voltava para o vestiário para dormir. O treino não começava, porque todos ficavam com medo do Simba. E eu dormia um pouco. Depois ia pegá-lo e o colocava no meu carro.

    "O Pelé foi no meu apartamento. Estava fazendo mais uma festança. Ele me disse: 'em vez de comprar um apartamento, eu coloquei o meu dinheiro e te comprei para o Santos. Você precisa maneirar'. Segurei por alguns dias, depois voltei para a farra."

    Meia talentoso, driblador, com excelente visão de jogo. Instintivo.

    Diferenciado, em uma época repleta de talentos no futebol brasileiro.

    Pré-convocado para a Seleção, em 2001.

    Santos, Corinthians e, principalmente, a Ponte Preta, onde foi grande ídolo, deram holofotes, dinheiro, a chance de ter uma vida incrível e jamais sonhada para um filho de caminhoneiro.

    "Sem orientação, errei. Perdi chances incríveis que jamais sonhei. Desperdicei. Fui do céu ao inferno. Depois, quando perdi o futebol, me afundei."

    A vida de Reginaldo Rivelino Jandoso, nome de craque até no nome, é impressionante.

    Mais ainda a coragem desse homem de 51 anos em assumir o que viveu.

    A relação dificílima com o pai, que chegava a amarrá-lo para não jogar futebol, quando menino.

    O talento explodiu na Inter de Limeira, a ponto de Pelé, aconselhado por Pepe, comprá-lo e reservar a sua camisa 10. do Santos, para ele.

    O deslumbramento com dinheiro, mulheres, bebidas e carros de luxo.

    'Eu tinha 20 anos e sentia que tinha o mundo à disposição. Aproveitei. Mas me perdi.'

    Fez história nos oito anos da Ponte Preta. Foi contratado pelo Corinthians, por ninguém menos que Rivellino. Acabou sabotado. Teve 22 trocas de clubes. Jogou na Grécia.

    Desperdiçou os milhões que passou por suas mãos. Descontou no álcool. Desesperado, com o fim da carreira, fim do dinheiro, foi convencido a roubar bancos. Acabou preso.

    'Errei feio, vivi o inferno, que são as prisões no Brasil. Descobri Deus. Paguei minha dívida com a sociedade. E agora a tenho a missão de descobrir e, principalmente, orientar novos talentos. Para que não cometam os erros que cometi."

    Piá deu a mais crua e profunda entrevista deste canal...


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    2 horas e 18 minutos

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