Episódios

  • Vera Iaconelli: Psicanálise revela que somos feitos de palavras
    Aug 23 2025

    Ninguém precisa, necessariamente, de análise, diz Vera Iaconelli, doutora em psicologia pela USP, diretora do Instituto Gerar de Psicanálise e colunista da Folha.

    Se a pessoa não se reconhece como parte do sofrimento que enfrenta, deve procurar outro tipo de profissional para lidar com as suas queixas —e admitir que existe um sujeito que faz escolhas mesmo nas circunstâncias mais dramáticas é o ponto de partida da psicanálise, ela diz.

    Sair do lugar de vítima, Iaconelli afirma, foi parte do seu próprio processo de análise, narrado em seu novo livro. Em "Análise", as experiências no divã são entremeadas com a reforma de uma casa e as memórias da sua família, terreno em que se destacam a figura do pai, um homem violento e imprevisível que mantinha outra família, e a morte precoce de dois irmãos.

    Neste episódio, a autora fala sobre a diferença da oralidade e da escrita na construção das memórias e diz que só conseguiu contornar certos resíduos da análise ao escrever o livro.

    Iaconelli também afirma que a psicanálise não foi, ao longo da história, muito generosa com as mães e que, hoje, uma mistificação sobre a maternidade na teoria psicanalítica ainda dificulta a escuta de mulheres por seus analistas.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    42 minutos
  • Fred Coelho: Por que busca pelo passado está em alta nas artes hoje
    Aug 9 2025

    O Ilustríssima Conversa desta semana recebe Fred Coelho, professor da PUC-Rio e autor do recém-lançado "Infraturas: Cultura e Contracultura no Brasil".

    O livro reúne 15 ensaios que abordam algumas das mais importantes transformações do campo das artes e da cultura do Brasil nas últimas décadas, com destaque para as experimentações e os dilemas de artistas da geração de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Hélio Oiticica.

    Neste episódio, Coelho fala sobre o enfraquecimento da perspectiva de construção nacional, que dominou o debate sobre a cultura no país e perdeu espaço para lutas transnacionais, como o combate ao patriarcado e o racismo. Isso, para ele, está relacionado à força da reivindicação do passado nas artes hoje, que se sobrepõe a ações de investimento no futuro.

    O autor também afirma que a noção de contracultura se tornou muito mais complexa que nos anos 1960 e 1970. Em um tempo em que a ideia de cultura nacional é dominada por Deus, pátria, família e liberdade, ele diz, tudo se torna contra a cultura —mas não existe mais uma única cultura hegemônica, e sim um cenário mais pulverizado de contestações.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini e Marcos Augusto Gonçalves
    • Edição de som: Raphael Concli

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    52 minutos
  • [Conteúdo Patrocinado] Podcast ‘Pra Falar de Educação’ aborda como a escola pode preparar os jovens para a vida e a cidadania no século 21
    Aug 7 2025

    Como a escola pode ajudar os jovens a fazer escolhas mais conscientes e planejadas? Essa questão ganha relevância diante de um dado alarmante: 8,9 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham, segundo a Pnad Educação 2024.

    No ensino médio, o abandono escolar e a distorção idade-série aumentam, evidenciando a urgência de aproximar o currículo das aspirações dos estudantes. É nesse contexto que o episódio "Projeto de Vida, as Escolhas e o Futuro dos Jovens no Brasil", terceiro da série "Pra Falar de Educação", discute como iniciativas como o Projeto de Vida e programas do Sesi-SP – Passaporte para o Futuro, Universitário e Futuro Professor – têm ampliado horizontes e fortalecido vínculos com a escola.

    Com a participação de especialistas e histórias inspiradoras de estudantes, o podcast traz reflexões sobre como preparar os jovens para a vida, a cidadania e o mundo do trabalho no século 21.

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    54 minutos
  • Sérgio Rodrigues: IA nos humilha na escrita, mas não vai acabar com a literatura
    Jul 26 2025

    Escrever é difícil e é de se esperar, diz Sérgio Rodrigues, que a maioria dos humanos terceirize esse trabalho para robôs que imitam tão bem a nossa linguagem, talvez até melhor que nós mesmos.

    Para o escritor e colunista da Folha, a inteligência artificial inaugura uma nova era das letras, em que escrever será uma escolha, não uma habilidade cotidiana imprescindível.

    A literatura, por outro lado, não deve desaparecer com o avanço da tecnologia. Em "Escrever É Humano", o autor reflete sobre as especificidades do ofício e sustenta que a inteligência artificial generativa é formidável em produzir textos repetindo o que já foi escrito, mas que, devido à sua incapacidade de criar obras originais, não pode invadir o terreno da escrita literária.

    Na entrevista, Rodrigues afirma que a escrita literária deve se tornar um nicho ainda menor, como uma aldeia gaulesa de escrita humana cercada por todos os lados por uma paisagem textual dominada por máquinas.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    46 minutos
  • Walquiria Leão Rego: Classe média ainda tem ódio do Bolsa Família
    Jul 12 2025

    Na serra do Cariri, nos arredores de Crato, no Ceará, uma entrevistada diz que, quando era criança, precisava roubar tempo da rotina de trabalho para poder brincar. Ela ia cuidar das cabras e aproveitava para passar uns minutos com as bonecas de sabugo, escondida dos pais.

    O depoimento inspirou o título do novo livro de Alessandro Pinzani, professor de filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina, e Walquiria Leão Rego, professora titular do Departamento de Sociologia da Unicamp. O recém-lançado "Vidas Roubadas" investiga como a pobreza produz um sofrimento social profundo em milhões de pessoas no Brasil —sofrimento que, para os autores, poderia ser evitado.

    Na obra, os pesquisadores apresentam entrevistas com cinco mulheres e um homem cujas vidas foram marcadas pela extrema pobreza.

    Leão Rego, convidada deste episódio, fala sobre os achados da pesquisa de campo em regiões do país esquecidas pelo Estado, explica como o conceito de sofrimento social ajuda a pensar a pobreza no Brasil e como políticas públicas como o Bolsa Família, tema de um livro anterior dos autores, contribuíram para amenizar essa situação.

    Na entrevista, a socióloga também discute como a luta diária pela sobrevivência e a humilhação social que pessoas na extrema pobreza sofrem criam entraves à organização política e minam o próprio futuro da democracia brasileira.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Lucas Monteiro

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    44 minutos
  • [Conteúdo Patrocinado] Podcast ‘Pra Falar de Educação’ aborda caminhos para evoluir a qualidade da formação docente
    Jul 9 2025

    A qualidade da formação do professor influi na aprendizagem dos estudantes. Afinal, é ele que atua como um facilitador, guia e mediador do conhecimento na sala de aula, favorecendo a aprendizagem dos conteúdos e estimulando o pensamento crítico e o raciocínio dos estudantes.

    Embora seja essencial para a qualidade da aprendizagem, formar docentes é um dos principais gargalos enfrentados pelo Brasil na área da educação. A qualidade da formação docente no Brasil é o tema do segundo episódio da série de podcasts "Pra Falar de Educação", uma iniciativa do Estúdio Folha e Sesi-São Paulo.

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    48 minutos
  • Diogo Bercito: Comida foi um pilar da identidade árabe no Brasil
    Jun 28 2025

    Nesta semana, o Ilustríssima Conversa recebe Diogo Bercito, jornalista e doutorando na Universidade Georgetown.

    Bercito desenvolve pesquisas sobre a imigração árabe no Brasil. Ele lançou, em 2021, "Brimos", sobre as famílias de ascendência sírio-libanesa que marcaram a política brasileira, e acaba de publicar "Brimos à Mesa", que se debruça sobre a história da culinária árabe no país.

    O livro argumenta que a alimentação foi um dos pilares da construção da identidade árabe em terras brasileiras, que os imigrantes sírio-libaneses buscaram preservar seus pratos para manter os laços com a terra de seus ancestrais e que, apesar disso, a culinária árabe se tropicalizou por aqui, dando origem a uma comida árabe-brasileira única no mundo.

    Nesta entrevista, Bercito explica por que considera os pratos artefatos culturais, fala sobre os mecanismos que fazem da comida um suporte da memória e discute algumas tendências recentes, como a popularização do falafel e do shawarma em restaurantes do Brasil e tentativas de ampliar o repertório de pratos a que o público brasileiro está acostumado.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Lucas Monteiro

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    41 minutos
  • Cecília Olliveira: O que leva policiais a se tornarem milicianos
    Jun 7 2025

    O Ilustríssima Conversa recebe Cecília Olliveira, jornalista especializada em segurança pública e diretora do Fogo Cruzado, instituto que monitora tiroteios e produz dados sobre a violência armada.

    Em seu primeiro livro, Olliveira analisa as origens e as transformações das milícias do Rio de Janeiro, desde os esquadrões da morte da ditadura militar. A autora diz que, nas últimas décadas, as milícias ampliaram tanto seu leque de atividades quanto as áreas que dominam, mas não abandonaram a sua essência, as execuções.

    "Como Nasce um Miliciano" defende que essas organizações criminosas inventaram um modelo de negócio muito sofisticado, que pode se expandir para o resto do Brasil, e que as milícias não devem ser entendidas como um poder paralelo. Na verdade, ela diz, estamos diante de parcelas do próprio Estado que agem com o crime e para o crime.

    Nesta entrevista, a jornalista fala sobre a responsabilidade do governo estadual na expansão das milícias, a falta de uma política consistente de segurança pública no Rio e a necessidade de uma maior participação do governo federal na área.

    Olliveira também discute as razões que levam um policial a se transformar em miliciano. A autora explica as falhas na formação dos oficiais e diz que, hoje, o dinheiro pode importar menos que o desejo de parar de receber ordens e ser humilhado em quartéis para, como parte das milícias, ter status social e afirmar ideais de honra, masculinidade e virilidade.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Lucas Monteiro e Raphael Concli

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    43 minutos