Episódios

  • #163: Maria Piedade, a estrela que adiou a fama: Cantora da 'Era de Ouro' do rádio lança primeiro álbum aos 91 anos
    Aug 25 2025

    A história de Maria Piedade poderia ser mais uma entre tantas de talentos que surgem e se perdem no tempo. No entanto, sua trajetória de 91 anos, marcada por um sonho musical que foi adiado por sete décadas, se tornou uma fonte de inspiração. O lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, com canções que interpretava na juventude, é a prova de que a paixão pela música nunca se apagou. “Eu nunca pensei nisso. Foram meus netos que decidiram me lançar agora, com 91 anos. Fiquei surpresa, agradecida, e a perspectiva foi enorme, porque as pessoas me aplaudiram, se manifestaram, me cumprimentando. É algo que passa e está passando na minha vida agora, depois de velha”, contou Maria Piedade, em entrevista ao Mulheres Reais.

    A cantora recorda com emoção o início da carreira: após concluir o magistério em Itapetininga, decidiu se mudar para São Paulo para estudar canto orfeônico e, ao participar do concurso da Rádio Nacional, superou 300 concorrentes e se tornou a “estrela do Quarto Centenário”. Apesar do reconhecimento, optou por interromper a carreira para constituir família, casando-se e dedicando-se à vida doméstica. “Naquela época, não dava para conciliar a família com a carreira. Vi que o ambiente das rádios não era adequado para uma jovem casada. Então, decidi voltar para Itapetininga e viver minha vida”, explicou.

    O álbum recém-lançado resgata o repertório que a consagrou na década de 1950. Segundo a neta, Bruna Caram, cantora e empresária, a obra reflete não apenas a carreira de Maria Piedade, mas a influência da matriarca sobre gerações inteiras da família: “Ela moveu a família toda em direção à música. Cresci achando que toda casa tinha um piano, tamanha era a musicalidade ao redor dela”, relembra Bruna.

    O podcast é apresentado por Carolina Ercolin e Luciana Garbin e está disponível em todas as plataformas de áudio.

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    18 minutos
  • #162: Bianca Santana: “Trabalho doméstico não é punição, é aprendizado para a vida”
    Aug 18 2025

    Ensinar crianças a dividir as tarefas de casa não é só aliviar a carga das mulheres, mas formar pessoas mais responsáveis e empáticas. Essa é a proposta da jornalista e doutora em Ciência da Informação Bianca Santana, coautora do livro "Quem limpa?" (Companhia das Letrinhas), escrito com Ana Cardoso. “O cuidado é parte da vida. E cuidar da casa é também um jeito de educar para a autonomia”, afirma.

    Mãe de três adolescentes, Bianca conta que a divisão de tarefas em sua casa começou na infância dos filhos e foi um esforço construído com diálogo e repetição. Filha e neta de empregadas domésticas, ela lembra que o trabalho doméstico sempre foi um tema delicado e político em sua trajetória. “Em países como o Brasil, essas tarefas são delegadas a quem ganha menos. Romper esse ciclo passa por ensinar desde cedo que cuidar é um valor coletivo.”

    Para Bianca, o trabalho doméstico deve ser visto como parte da educação, não como punição. “Fritar um ovo ou limpar o banheiro também são habilidades para a vida. Se ensinarmos isso agora, teremos adultos mais conscientes depois.”

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    13 minutos
  • #161: O que o ‘romance perdido’ de Júlio Verne - guardado por 130 anos - dizia sobre o futuro?
    Aug 12 2025

    Exposição no MIS Experience resgata vida e trajetória do escritor mais traduzido de todos os tempos. Amado pelo público e desprezado pela Academia Francesa, ele não conseguiu publicar em vida livro com visão pessimista de um mundo cheio de tecnologia e solidão.

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    10 minutos
  • #160: Qual o papel das mulheres nas ciências cognitivas? “Produção de conhecimento não é neutra”, defende pesquisadora
    Aug 4 2025

    O Brasil está na linha de frente de um dos campos mais promissores — e desafiadores — da ciência contemporânea: a neurotecnologia. A afirmação é da pesquisadora Fabiana Nascimento, especialista em neurociência e comportamento, que atua no desenvolvimento de tecnologias aplicadas à saúde e à educação, com foco em populações historicamente negligenciadas. Em entrevista ao Mulheres Reais, Fabiana explica que os avanços no uso de interfaces cérebro-máquina já permitem, por exemplo, que pessoas com paralisia possam interagir com o mundo por meio de comandos mentais. “Essas tecnologias já são realidade em ambientes clínicos experimentais. Mas o que me preocupa é quem terá acesso a elas”, afirma. A pesquisadora faz um alerta sobre os riscos de aprofundamento das desigualdades. Para ela, o potencial emancipador da neurotecnologia só se realizará se houver investimento público, regulação ética e políticas de inclusão. “É preciso discutir a regulação do uso de dados neurais, a autonomia cognitiva e, principalmente, a equidade no acesso”, pontua.

    Nascimento também chama atenção para a dimensão de gênero no campo científico. Segundo ela, as mulheres ainda enfrentam barreiras estruturais para ocupar espaços de protagonismo nas neurociências e nas áreas tecnológicas. “Nós, mulheres, somos minoria tanto nos espaços de decisão quanto nas lideranças de pesquisa. E isso tem impacto direto sobre os caminhos que a ciência escolhe trilhar”, observa. A pesquisadora enfatiza que a produção de conhecimento não é neutra. “Se a maioria das decisões sobre o futuro da mente humana estiver nas mãos de um grupo homogêneo — majoritariamente masculino, branco e de classes altas —, as soluções desenvolvidas refletirão essa visão limitada de mundo”, critica.

    Fabiana Nascimento está à frente do World Neurotechnologies Forum, maior evento de neurotecnologia da América Latina, que acontece em São Paulo em 26 de agosto.

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    17 minutos
  • #159: Comida, sons, ‘sapos’: já parou para pensar em tudo que você ingere em um ano?
    Jun 30 2025

    "O que eu comi em um ano (e outras reflexões)", da Editora Intrínseca, foi escrito por Stanley Tucci, ator americano de Conclave e outros filmes famosos. Fã de gastronomia como todo bom descendente de italianos, Tucci registrou por 12 meses detalhes de refeições simples a memoráveis, em casa e no exterior, com parentes ou com desconhecidos. Para os leitores, o livro é também um convite a fazer as próprias reflexões. A mais imediata, claro, é: "E eu? O que eu comi neste último ano?". Mas desta podem derivar outras, como: isso tudo que eu comi me fez mais bem ou mais mal? E, aprofundando um pouco mais, o que eu ingeri neste ano além da comida? O que eu pus no meu corpo e na minha cabeça de informações, histórias e até “sapos” e caraminholas? Já pararam para pensar nas toneladas de dados, informações e ruídos que absorvemos nesses tempos de infodemia? De novo: será que tamanha quantidade tem feito mais bem ou mais mal à nossa saúde?

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    9 minutos
  • #158: Há 100 anos, Einstein ia embora do Brasil: ‘Finalmente livre. Mais morto que vivo’, anotou no diário
    Jun 23 2025

    Em 1925, o cientista visitou a América do Sul e fez duas duas paradas no Rio de Janeiro: uma de poucas horas e outra de seis dias, ao voltar de Argentina e Uruguai. Essa história é contada em um livro detalhado no episódio de hoje.

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  • #157: IA chantageou engenheiro por caso extraconjugal: prepare-se para a era da manipulação tecnológica
    Jun 17 2025

    A revolução da inteligência artificial (IA) está ainda engatinhando, mas algumas notícias já são de deixar o cabelo - de humanos - em pé. Uma delas trata do algoritmo da Anthropic que, para evitar ser desligado, invadiu a caixa de e-mail dos desenvolvedores, captou a informação de que um deles estava tendo um caso extraconjugal e - adivinhem - apelou à velha chantagem como último recurso. Tanto os e-mails quanto o caso extraconjugal eram fictícios. O que leva à reflexão sobre a garantia de segurança dada por empresas de tecnologia parecer cada vez mais ilusão.


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  • #156: Mulheres que frequentam bares e casas noturnas estão mais seguras desde a criação da lei Não é Não?
    Jun 9 2025

    A lei que ficou conhecida como ‘Não é Não’ existe desde 2023, mas é impossível dizer que mulheres que frequentam bares e casas noturnas estão mais seguras desde então. Nenhum monitoramento foi realizado nos últimos dois anos porque não havia a implementação do protocolo de capacitação de profissionais de estabelecimentos para o enfrentamento ao assédio e à importunação de mulheres em ambientes públicos e privados. A avaliação é da antropóloga Débora Diniz, da Universidade de Brasília (UnB), coordenadora do curso de extensão Circuitos Não é Não, lançado em maio. Em entrevista ao Mulheres Reais, Diniz explica que não é o álcool a justificativa para que agressores violentem mulheres. “O álcool é um catalisador de uma situação já instalada de assédio, de violência, de desrespeito às mulheres. Então, os espaços em que circulam o álcool, que chamamos de espaços de lazer, são espaços em que há um catalisador de situações potenciais de violência”, esclarece. Segundo a antropóloga, a lei é um caminho, mas é apenas um instrumento em meio a um fenômeno estrutural, onde a violência está entranhada na sociedade a tal ponto que as mulheres morrem simplesmente por serem mulheres. O Brasil conta com cerca de 1,4 milhão de bares e restaurantes em atividade e com 4,94 milhões de trabalhadores empregados no setor.

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