Episódios

  • Projeto antimáfia: “Governo se acovardou diante da pressão da Polícia Federal”
    Aug 27 2025

    O projeto de lei antimáfia que o governo federal deve enviar ao Congresso nos próximos dias já nasce desidratado, avalia o ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel reformado da PM, José Vicente Filho. Para ele, a retirada da criação de uma Agência Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas enfraquece a proposta e revela a força do corporativismo na segurança pública. Em entrevista a Carolina Ercolin, da Rádio Eldorado, Vicente avalia que a agência inspirada no modelo italiano teria autonomia para convocar policiais de diferentes estados e atuar em operações contra facções e milícias, reduzindo a dependência de estruturas locais frequentemente comprometidas com o crime. “A Polícia Federal pressionou contra, temendo perda de espaço. O governo se acovardou diante dessa resistência interna”, afirmou. O coronel ressaltou que a PF, sozinha, não conseguiu conter a expansão das facções. Ele defende a criação de novos mecanismos de coordenação nacional e lembra que em países como os Estados Unidos existem várias polícias federais especializadas, o que evitaria a concentração de funções em um único órgão.

    Apesar das críticas, Vicente reconhece avanços no texto, como o endurecimento de penas, a definição de “organização criminosa qualificada” e o reforço do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Ainda assim, alerta que sem coordenação centralizada o país seguirá refém das facções. “A Polícia Federal é eficiente em operações pontuais, mas falhou em assumir a missão de conter o crime organizado no plano nacional”, concluiu.

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    14 minutos
  • Ações trabalhistas caminham para novo recorde após a reforma, puxado pela alta no setor de serviços
    Aug 26 2025

    A Justiça do Trabalho vem registrando um crescimento contínuo no número de ações e deve bater este ano um novo recorde desde a aprovação da reforma trabalhista, em 2017. Esse movimento vem sendo puxado principalmente pelo setor de serviços. No ano passado, esse setor respondeu por 26,6% dos processos protocolados e atingiu um recorde histórico, com 556.143 casos novos. Até 2021, era sempre a indústria que liderava esse movimento nos tribunais trabalhistas. Em todo o ano passado, como já mostrou o Estadão, foram 2,1 milhões de ações, o maior patamar desde a reforma. O pico havia sido atingido em 2016, com 2,7 milhões de processos, número que caiu para 1,7 milhão em 2018.

    Em entrevista ao Jornal Eldorado, Rogério Neiva, juiz do Trabalho, ex-auxiliar da Vice-Presidência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e especialista em métodos de conciliação, entende que uma das principais causas para o aumento das ações é a decisão do STF que facilitou o acesso gratuito à Justiça.

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    13 minutos
  • Cação na merenda escolar expõe crianças a metais tóxicos, alerta Sea Shepherd
    Aug 25 2025

    Um peixe comum em restaurantes e merendas escolares no Brasil pode esconder um risco grave à saúde. O cação, nome genérico dado à carne de tubarões e raias, apresenta altos índices de contaminação por metais pesados como mercúrio e arsênio. É o que revelam estudos recentes da USP com o Instituto Adolfo Lutz e da Fiocruz em parceria com a Sea Shepherd Brasil. “Esses animais vivem por décadas e acumulam contaminantes ao longo da vida. Quando consumidos, transmitem essas substâncias para o nosso organismo, podendo causar doenças silenciosas, como problemas endócrinos, reprodutivos e até câncer”, explicou Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil, em entrevista à Rádio Eldorado.

    Apesar das evidências, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ainda permite a compra de cação para a merenda escolar. Segundo Nathalie, o peixe é frequentemente incluído nas refeições por ser barato e não conter espinhas, mas isso coloca milhares de crianças em risco. “É um escândalo que precisa ser resolvido urgentemente”, afirmou. Além dos impactos na saúde, o consumo de cação ameaça a biodiversidade marinha.

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    12 minutos
  • Lula deveria telefonar para Trump e Alckmin ir a Washington para conter tarifaço, avalia Rubens Barbosa
    Aug 22 2025

    O ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres, Rubens Barbosa, afirmou que a redução das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos depende de um contato direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Donald Trump. Em entrevista à jornalista Carolina Ercolin, da Rádio Eldorado, Barbosa avaliou que a manutenção da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, imposta pelo governo norte-americano, não será revertida apenas por meio das negociações técnicas conduzidas pelos ministérios. “Quem decide hoje nos Estados Unidos é a Casa Branca. Os órgãos de comércio negociam, mas a palavra final é de Trump. O problema é que o governo brasileiro não tem canal de comunicação direto, e Washington recebe apenas a versão da oposição brasileira”, afirmou. Como alternativa, o diplomata sugeriu uma ligação de Lula a Trump ou uma visita do vice-presidente Geraldo Alckmin a Washington para abrir um canal oficial. Segundo ele, sem esse contato de alto nível, a crise tende a se aprofundar. Barbosa, que também preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior, disse que medidas pontuais podem beneficiar setores como o café, mas avaliou que o cenário pode piorar, especialmente com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump. “Isso vai escalar ainda mais. Pode haver ações drásticas do governo americano justificadas por esse contexto político”, afirmou.

    Além da questão comercial, Barbosa alertou para riscos decorrentes do envio de navios de guerra norte-americanos à costa da Venezuela. Segundo ele, embora a missão oficial seja combater o narcotráfico, uma ofensiva militar teria consequências diretas para a diplomacia e a segurança da região. “Uma escalada, como ataques a alvos militares venezuelanos, representaria uma mudança dramática da política externa dos Estados Unidos em relação à América do Sul”, disse. O ex-embaixador lembrou que uma intervenção desse tipo faria eco à Doutrina Monroe, historicamente associada a episódios de ingerência dos EUA, inclusive no Brasil em 1964. “Se houver ataque, o Brasil e outros países da região certamente reagirão, ampliando a confrontação com os Estados Unidos”, concluiu.

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    19 minutos
  • “Vivemos tempos estranhos, mas o voto impresso deve cair em plenário”, prevê relator do Código Eleitoral
    Aug 21 2025

    Em entrevista ao Jornal Eldorado, da Rádio Eldorado, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do novo Código Eleitoral, reafirmou ser contrário à inclusão do voto impresso no texto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. “O voto impresso é um retrocesso. Só vai trazer mais insegurança, mais problema e judicialização”, disse o parlamentar, lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou a proposta inconstitucional em 2015.

    Em entrevista ao Jornal Eldorado, da Rádio Eldorado, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do novo Código Eleitoral, reafirmou ser contrário à inclusão do voto impresso no texto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. “O voto impresso é um retrocesso. Só vai trazer mais insegurança, mais problema e judicialização”, disse o parlamentar, lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou a proposta inconstitucional em 2015.

    Em entrevista ao Jornal Eldorado, da Rádio Eldorado, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do novo Código Eleitoral, reafirmou ser contrário à inclusão do voto impresso no texto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. “O voto impresso é um retrocesso. Só vai trazer mais insegurança, mais problema e judicialização”, disse o parlamentar, lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou a proposta inconstitucional em 2015. Segundo o senador, a inclusão ocorreu após destaque do senador Esperidião Amin (PP-SC), aprovado contra seu voto. Castro afirmou, porém, que não acredita na aprovação do dispositivo em plenário. “Pela lógica, o plenário vai votar contra. Mas como vivemos tempos estranhos, tudo é possível”, ponderou.

    Entre os pontos que considera avanços do novo Código Eleitoral, Castro destacou a reserva obrigatória de 20% das cadeiras em todos os parlamentos do país para mulheres, incluindo câmaras municipais, assembleias legislativas e Congresso Nacional. “O Brasil ocupa uma situação constrangedora no cenário internacional: é o 137º país em representatividade feminina. Isso é inaceitável”, afirmou. O texto também altera a Lei da Ficha Limpa, fixando em oito anos o prazo de inelegibilidade a partir de 1º de janeiro do ano subsequente à condenação, para uniformizar prazos e evitar interpretações diferentes.

    Questionado sobre as críticas à redução de penas para a propagação de fake news em campanhas, o senador disse que o tema deve seguir em debate. “É um problema universal. Precisamos aprender com legislações como a da União Europeia e dos Estados Unidos. É um assunto sensível que exige muito cuidado.” O projeto ainda precisa ser votado pelo plenário do Senado até setembro para ter validade nas eleições de 2026.

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    15 minutos
  • Indiciamento de Bolsonaro expõe disputa interna da direita, avalia cientista político
    Aug 21 2025

    O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, de seu filho Eduardo Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia pela Polícia Federal marca uma nova etapa de tensão na cena política e pode redesenhar o campo da direita no Brasil. A avaliação é do cientista político Bruno Silva, diretor do movimento Voto Consciente, em entrevista à Rádio Eldorado. Segundo ele, o processo reforça o desgaste do ex-presidente e sua família, ao mesmo tempo em que mantém Bolsonaro como figura central para 2026. “Bolsonaro está inelegível, então qualquer estratégia que envolva seu nome na disputa é algo que certamente vai naufragar. Mas ele continua sendo um ator importante, pois mantém apoio de um percentual expressivo da população”, afirmou.

    Para Silva, a movimentação expõe contradições entre governadores que se apresentam como presidenciáveis — como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado — e o entorno do ex-presidente. “Esses nomes querem o apoio de Bolsonaro, mas buscam manter distância dos fatos para não serem prejudicados. É um cálculo político complexo”, explicou. O cientista político avalia ainda que o indiciamento acentua a fragmentação da direita.

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    13 minutos
  • Impasses marcam discussão sobre proteção de crianças e adolescentes no mundo virtual
    Aug 20 2025

    A Câmara dos Deputados deve votar nesta semana o projeto de lei de autoria do senador Alessandro Vieira, que trata da adultização de crianças e adolescentes na internet. A proposta ganhou prioridade após mobilização social recente e prevê maior transparência de algoritmos, limites para anúncios, regras para influenciadores e mecanismos de bloqueio de acesso a sites inadequados para menores. Para Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio), a medida representa um avanço, mas carrega riscos se não for bem desenhada. Em entrevista ao Jornal Eldorao, Steibel lembra que experiências internacionais, como no Reino Unido, mostraram efeitos contrários aos esperados: em vez de restringir o acesso, a obrigatoriedade de autenticação levou crianças a usar ferramentas como VPNs, ampliando a exposição a sites pornográficos.

    Outro ponto de tensão é o equilíbrio entre proteção infantil e direitos fundamentais. Críticos alertam que a legislação pode abrir caminho para restrições à liberdade de expressão ou à privacidade. Steibel pondera que a liberdade de expressão não é absoluta, mas reforça a necessidade de calibrar os limites de forma que seja viável técnica e juridicamente.

    Além disso, o tema avança em paralelo a outras frentes. O governo prepara um plano de regulação das big techs que incorpora decisões recentes do STF, incluindo responsabilização das plataformas por conteúdos ilícitos. A Advocacia-Geral da União já acionou a Meta para que retire robôs de inteligência artificial que simulam perfis infantis em conversas de cunho sexual.

    Segundo Steibel, o debate ainda é incipiente e nenhum país encontrou uma solução definitiva. Para ele, a saída está em fatiar os problemas, priorizando medidas eficazes para crianças e adolescentes sem perder de vista outras discussões mais complexas, como o combate à desinformação.

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  • Banir comidas típicas na COP30: um debate sobre identidade cultural
    Aug 20 2025

    A decisão inicial de um edital da Organização dos Estados Ibero-americanos de vetar pratos tradicionais da culinária amazônica — como açaí, tacacá, tucupi e maniçoba — durante a COP30 em Belém, sob a justificativa de risco sanitário, provocou forte reação pública e política. A medida acabou revertida, mas acendeu um debate sobre o que reconhecemos como parte da cultura brasileira. Para a jornalista e pesquisadora Neli Pereira, especialista em cultura alimentar, o episódio escancara uma questão central: o quanto conhecemos e defendemos nossa própria gastronomia. “Se a gente não se reconhece, não se defende. O açaí, o tacacá e a maniçoba fazem parte do cotidiano de quem vive no Norte, mas ainda são vistos como exóticos ou até ‘pesados’ em outras regiões, numa visão colonialista”, afirma.

    Em entrevista ao Jornal Eldorado, Neli afirma que proibições como a proposta no edital não dizem respeito apenas a regras de higiene, mas também a um histórico de desqualificação das culturas locais no Brasil. “A colonização foi violenta também no apagamento imaterial: aquilo que era indígena ou caboclo era tachado de selvagem, para depois ser apropriado. O higienismo é usado como justificativa para impor a cultura dominante sobre a outra.” A reação imediata de chefs e da sociedade civil paraense, que resultou na revogação do veto, foi fundamental, mas não traz otimismo à pesquisadora: “O caso mostra como ainda precisamos nos levantar para defender o que é básico. É um ultraje ter que lembrar ao mundo que a comida amazônica, na própria Amazônia, é parte legítima da cultura brasileira”.

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