O Abertinho - Ler é um ato subversivo Podcast Por Rogério Mattos capa

O Abertinho - Ler é um ato subversivo

O Abertinho - Ler é um ato subversivo

De: Rogério Mattos
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Sobre este título

Podcast sobre cinema, literatura e pensamento crítico brasileiro. Trago novos olhares sobre o papel do intelectual na formação da cultura. Apresentado por Rogério Mattos, doutor em Estudos Literários (UFF), professor há 15 anos e criador de A Engenhoca - Escola de Humanidades. A Engenhoca: comunidade.aengenhoca.com Substack: oabertinho.substack.com Instagram: @oabertinhoRogério Mattos Mundo
Episódios
  • Estética da Dependência: Cinema Marginal vs Cinema Novo
    Dec 28 2025

    Quando falamos de estética da dependência no cinema brasileiro, não se trata apenas da teoria da dependência de Fernando Henrique Cardoso ou do debate marxista sobre superexploração. Trata-se de entender como o cinema nacional se vincula ao capital externo — ontem e hoje.


    Do Cinema Novo aos streamings, essa relação define não apenas a produção, mas os próprios filmes: seus roteiros, protagonistas, estéticas.


    Neste episódio, analiso como o Cinema Marginal já fazia, nos anos 60-70, uma crítica mais radical do que a academia faria décadas depois.


    TEMAS DISCUTIDOS:


    CINEMA DE RESULTADO (redemocratização):

    Filmes e protagonistas buscando ascensão individual. Self-made man, meritocracia, ideais do livre mercado no roteiro. Herói ressentido (Ismail Xavier). Estética da fome para cosmética da fome (Ivana Bentes).


    CINEMA MARGINAL vs CINEMA NOVO:

    Sganzerla e Helena Ignez na Pasquim (1970): crítica ao esquemão. Cinema Novo como empresa fechada que lima novos cineastas. 1968: Bandido da Luz Vermelha limado de Cannes para entrar O Dragão da Maldade. Glauber chama marginais de udigrudes.


    A MULHER DE TODOS (Sganzerla, 1969):

    Helena Ignez: ex-mulher de Glauber, casada com Bressane. Super feminista que inferioriza intelectuais de classe média. Sátira à intelectualidade cinemanovista.


    SEM ESSA, ARANHA (Sganzerla, 1970):

    Personagem Aranha: heterodiscurso polifônico. Mistura bordões da burguesia reacionária com discurso revolucionário. Impossível saber se é revolucionário ou reacionário.


    SERTÃO IMANENTE vs SERTÃO TRANSCENDENTE:

    Glauber (Deus e o Diabo): sertão mítico, metafísico, transcendente. Sganzerla (Copacabana Mon Amour): sertão no Terreiro da Gomeia (Baixada). Favela desce pro calçadão de Copacabana. Sol que enlouquece igual sertão imanente, não transcendente.


    CINEMA CONTEMPORÂNEO:

    Kleber Mendonça Filho + Neon: filme pensado para Cannes e Oscar. Karim Aïnouz: financiamento estrangeiro, experimentação formal. Cláudio Assis: produção artesanal, sem capital externo. Ainda Estou Aqui e a dependência do circuito internacional.


    A crítica radical às relações do cinema com o mercado e o grande capital já estava no Cinema Marginal décadas antes da academia formular isso. Sganzerla rompe com a ideia de decadência pós-Cinema Novo.


    CINEASTAS E AUTORES DISCUTIDOS:

    Rogério Sganzerla, Helena Ignez, Glauber Rocha, Júlio Bressane, Ismail Xavier, Ivana Bentes, Kleber Mendonça Filho, Karim Aïnouz, Cláudio Assis, Eduardo Coutinho


    FILMES MENCIONADOS:

    O Bandido da Luz Vermelha, A Mulher de Todos, Sem Essa Aranha, Copacabana Mon Amour, O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, Deus e o Diabo na Terra do Sol, Ainda Estou Aqui


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    Este conteúdo faz parte do curso Estética da Dependência do grupo de estudos CINEPOL, que revisa os ideários do Cinema Novo e suas relações com música, política e mercado.


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    Podcast O Abertinho - Ler é um ato subversivo

    Apresentação: Rogério Mattos

    Produção: A Engenhoca - Escola de Humanidades

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    11 minutos
  • A Verdade do Cinema: Vertov, Jean Rouch e Eduardo Coutinho
    Dec 26 2025

    "Cinema verdade não é a verdade no cinema, é a verdade do cinema." Esta frase de Jean Rouch, inspirada em Vertov, define uma genealogia fundamental do documentário contemporâneo que passa por Eduardo Coutinho.Mas o que isso significa? Como a câmera produz sua própria verdade?Nesta gravação, analiso três momentos dessa linhagem:🔍 VERTOV (KINOPRAVDA/KINOGLAZ):- Câmera escondida para captar o "novo homem soviético"- Cinema sintético, artificial, não-orgânico- Verdade produzida pela MONTAGEM- Kinoglaz = câmera-olho, olho sintético- Sistemas materiais em perpétua interação (Deleuze)🔍 JEAN ROUCH (CINÉMA VÉRITÉ):- Câmera VISÍVEL produz uma verdade- A pessoa reage à presença da câmera- Verdade do cinema, não verdade no cinema- Cinema etnográfico: verdade produzida no campo🔍 EDUARDO COUTINHO (FABULAÇÃO):- "Não me conta agora, deixa acontecer na filmagem"- Imprevistos como método (Cabra Marcado)- Do modelo sociológico à fabulação pura- Santo Forte: câmera digital = tempo para fabular- Jogo de Cena: experimentação da experimentação- As Canções: puro ato de fala, contextualização cortada- Personagens como intercessores (Deleuze)A diferença fundamental:- VERTOV: Verdade na montagem, câmera escondida- ROUCH: Verdade no ato de filmar, câmera presente- COUTINHO: Verdade na fabulação, personagens mentem (e não importa)Conexões com Brecht, Walter Benjamin (inconsciente ótico), Deleuze (imagem-tempo, intercessores), e a evolução do documentário brasileiro.📚 AUTORES/CINEASTAS DISCUTIDOS:Dziga Vertov • Jean Rouch • Eduardo Coutinho • Bertolt Brecht • Sergei Eisenstein • Gilles Deleuze • Walter Benjamin • Consuelo Lins---🔗 CINE-POESIA: https://form.respondi.app/g9VYWlAO#Vertov #JeanRouch #EduardoCoutinho #CinemaVerdade #Kinopravda #Kinoglaz #DocumentarioBrasileiro #CinemaEtnografico #Fabulacao #Deleuze #TeoriaDoCinema

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    16 minutos
  • Caetano Veloso e Sganzerla: a história por trás de "Qualquer coisa"
    Dec 24 2025

    Muita gente canta "Qualquer Coisa" do Caetano Veloso. Quase ninguém sabe que ela nasceu de um filme.Em 1970, Sganzerla, Bressane e Helena Ignez fundam a Belair — produtora clandestina que durou 4 meses e fez uns 10 filmes. Quando o cerco aperta, vão pro exílio. Em Londres, encontram Caetano e Gil. Assistem juntos a "Sem Essa Aranha". Caetano surta. Quando se recupera, escreve a música."Não se avexe não, baião de dois, deixe de manha, pois sem essa aranha…"É uma das referências direta ao filme, que na verdade canta o filme todo e a reação de Caetano diante dele. E os "berros pelo aterro" são os gritos da Maria Gladys — "tô com fome!", "é preciso pecar em dobro!" — que interrompem as cenas o tempo todo.Nesta gravação, falo sobre a cena que ficou conhecida como "os 5 minutos mais belos do cinema brasileiro": Luiz Gonzaga nos fundos do bordel, como se o Nordeste inteiro emergisse ali. A câmera não subordina o Gonzaga — é ele que puxa a câmera, é o ímã magnético. Helena Ignez invade, beija a testa dele, coroa o rei do baião.Isso é linguagem de poesia. É narrativa descolonizadora.🎓 Comunidade: https://ead.aengenhoca.com/narrativadescolonizadora#CaetanoVeloso #QualquerCoisa #RogérioSganzerla #SemEssaAranha #Belair #LuizGonzaga #CinemaMarginal #HelenaIgnez #JúlioBressane #MariaGladys #LinguagemDePoesia #CinemaBrasileiro

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    15 minutos
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